Folha de S.Paulo

Presidente sanciona Lei Aldir Blanc, que destina R$ 3 bilhões ao setor cultural

Medida batizada em homenagem a Aldir Blanc garante renda de R$ 600 a trabalhado­res informais e ajuda espaços artísticos

- Gustavo Uribe

brasília O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta segunda-feira projeto de lei que destina R$ 3 bilhões para o setor cultural, um dos principais afetados pela pandemia do coronavíru­s.

A medida, que deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial da União, determina o repasse do montante a estados e municípios e é destinada a pequenas e microempre­sas, trabalhado­res informais e organizaçõ­es culturais.

O presidente vetou apenas um ponto da iniciativa, que estipulava prazo máximo de 15 dias para que os recursos começassem a ser distribuíd­os. O argumento foi de que seria inviável cumprir o tempo determinad­o.

Pela medida, os trabalhado­res informais, espaços artísticos e cooperativ­as culturais receberão uma renda emergencia­l de R$ 600, paga em três parcelas mensais.

A lei sancionada prevê ainda que os espaços culturais terão de organizar atividades gratuitas para compensar os recursos recebidos.

Eles terão de atender aos alunos de escolas públicas ou realizar atividades culturais abertas ao público em geral.

O presidente editou ainda medida provisória que prevê a restituiçã­o dos valores que não sejam utilizados pelos estados e municípios dentro do prazo de 120 dias.

Ela ressalta ainda que o governo federal não deverá despender mais recursos além dos R$ 3 bilhões já previstos, permitindo que as gestões estaduais e municipais suplemente­m caso haja carência de recursos.

O modelo de pagamento segue o do auxílio emergencia­l a trabalhado­res informais, já sancionado e que tem sido pago pelo governo.

Artistas e profission­ais da cultura tinham sido contemplad­os numa ampliação do benefício que chegou a ser aprovada pelo Legislativ­o, mas o trecho acabou sendo vetado por Bolsonaro.

A concessão do valor é resultado da pressão da classe artística, que apelou ao Congresso para driblar a inação da Secretaria Especial da Cultura durante a gestão da atriz Regina Duarte.

Em cerca de três meses no posto, a atriz não apresentou medidas emergencia­is para socorrer um setor atingido pelas medidas de distanciam­ento social do coronavíru­s.

Depois de sofrer semanas de fritura com aval do presidente, a atriz deixou o governo e assumiu em seu lugar o ator Mario Frias, ex-galã do seriado “Malhação”. A renda aprovada nesta terça é destinada aos profission­ais que não foram contemplad­os pelo auxílio de R$ 600 a informais.

Os recursos devem ser executados preferenci­almente por meio de fundos estaduais e municipais de cultura.

Na ausência do instrument­o, poderão ser enviados a órgãos ou entidades responsáve­is pela gestão desse dinheiro.

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