“Nossa função também é a de tranquilizar as pessoas”
Depoimento de Giulia Vitória Martins Pinheiro, 22 anos, líder de vendas da Swift em Sorocaba (SP)
“No começo dessa pandemia, aconteceu uma espécie de corrida aos mercados. As pessoas começaram a estocar alimentos com medo de que houvesse um desabastecimento. Trabalho na Swift, no setor de varejo da rede São Vicente, em Sorocaba (interior de São Paulo), e toda a nossa equipe, do pessoal da fábrica ao do caminhão, sempre esteve 100% disponível e mobilizada para não faltar alimento na casa dos brasileiros.
Com o tempo, as pessoas perceberam que não havia esse risco de faltar comida. Também começou a haver uma maior empatia, uma conscientização de que estocar alimentos, além de desnecessário, acaba prejudicando o outro.
Minha função aqui é cuidar da parte de abastecimento, de atendimento ao consumidor, dos pedidos, da exposição de produtos. Redobramos os cuidados não só com os nossos mas com a gente mesmo e com as nossas famílias. Temos muita atenção com todos os procedimentos de segurança.
Também notei uma mudança no comportamento das pessoas. Estão todos mais preocupados. Perguntam muito se vai faltar alimento, se vamos manter as lojas abertas.
Nossa função é também ouvir e tranquilizar todo mundo, mostrar que estamos engajados no nosso trabalho e em garantir que não falte nada. Nosso trabalho é essencial e temos uma responsabilidade grande.
Minha vida também mudou muito nesses mais de cem dias. Todo o carinho que demonstrava por meio do toque, agora tenho de evitar. Tenho de demonstrar esse carinho de outras formas.
Moro com meus pais e meu irmão, mas apenas eu e o meu pai saímos de casa para ir às compras, à farmácia. E temos todo um cuidado ao voltar pra casa, uma preocupação em proteger nossa família.
A máscara tem sido fundamental para evitar o contágio. Aqui na loja nós ofertamos máscaras para os clientes e enfatizamos o tempo todo a obrigatoriedade do uso desse item de segurança.
Graças a Deus, nunca tivemos problema com alguém que se recusasse a usá-la ou fizesse o uso errado. Mas na rua, infelizmente, já vi gente usando a máscara só na boca e deixando o nariz de fora.
Apesar de tudo isso que estamos enfrentando, sou uma pessoa tranquila, otimista. O medo, claro, existe e serve para que a gente tenha cuidado, para que aja de maneira responsável e não paralise.
Se a gente ficar parado, não tem como se defender e nem como ajudar as outras pessoas. A hora é de aprender e seguir em frente.”