Folha de S.Paulo

Tite projeta nova seleção depois da pandemia

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

A comissão técnica da seleção brasileira inaugurou nova rotina nas últimas semanas. Agora são duas reuniões semanais por vídeo conferênci­a, com um analista de desempenho e um assistente técnico na sede da CBF.

As reuniões das terças analisam as rodadas do fim de semana e das sextas olham o que ocorreu nas quartas e quintas-feiras. É assim desde que o futebol voltou à Europa e a observação tem ideia fixa: as eliminatór­ias.

A Conmebol disse que elas voltam em setembro. Então, é preciso pensar num time que jogue contra Bolívia e Peru e que será, por necessidad­e, diferente do que seria em março. Depois da convocação, os jogos foram cancelados, a CBF fechou as portas e decretou quarentena da comissão técnica, substituíd­a pelas reuniões por vídeo.

Bruno Guimarães foi convocado e teria uma chance. Agora, nem jogando está.

Há muita coisa para melhorar para que o Brasil faça boas eliminatór­ias, sem riscos. Depois da Copa do Mundo, foram raras as atuações elogiáveis. Contra o Peru, duas vezes, contra a Argentina, no Mineirão, numa partida que poderia ter perdido —que jogo difícil!

É preciso recuperar a confiança. Também entender um sistema tático e a saída de Arthur para a Juventus exige pensar no futuro. Na Copa América, o Brasil foi melhor quando puxou Arthur para perto de Casemiro. Com dois meio-campistas mais perto do goleiro e um mais solto, Phillippe Coutinho.

Mas a ideia da seleção é que as coisas funcionam melhor com o triângulo ao contrário. Casemiro atrás de dois meias. Neste caso, Arthur ou Bruno Guimarães, ou Douglas

Luiz, ex-Vasco... Qualquer desses poderia ser o meia. Só que dois deles estão jogando como primeiro volante em seus clubes e Arthur pode ser usado da mesma maneira na Juventus.

A ideia é ter um sistema de jogo e não ser escravo dele. Lembra a França de 2018, que planejava atuar com um time que agredisse o adversário e entrou na história como a campeã que se defendeu e jogou com poucos ataques.

O Brasil não pode ser assim. Jogar bem, para nós, significa se impor, e para os adversário­s também, porque normalment­e atrasam a marcação e exigem criativida­de num minifúndio.

A próxima seleção, a das eliminatór­ias, terá de levar em conta as condições físicas e técnicas, pensar em quem já está em ação e quem ainda não está. Fabinho, do Liverpool, é o reserva de Casemiro. Mas talvez os dois possam até jogar juntos, se estiverem com ritmo de jogo.

Além de tudo isso, haverá Neymar. Ausente na Copa América, ele precisa entrar, mas no lugar de quem rende menos. Se levar em conta os últimos jogos, quem sai é Coutinho e Éverton Cebolinha continua. Nesse caso, Neymar joga pelo meio, como segundo atacante.

Se for assim, mais um fator para permitir Casemiro e Fabinho juntos, segurança atrás, para mais atacantes na frente. Tudo isso está na mesa, porque ninguém sabe em que condição física chegarão os jogadores em setembro.

Setembro? É o que diz a Conmebol. Mas como ter certeza sobre quando, como e onde haverá os jogos das eliminatór­ias? Mais uma razão para olhar quem está jogando e montar o time possível, quando o futebol de seleções retornar de verdade.

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