Estrela gigante some sem deixar vestígios e deixa astrônomos intrigados
Você vai lá, marca o encontro, e aí a outra pessoa não aparece. Ninguém gosta de levar bolo,certo? Ou melhor, ninguém exceto os astrônomos, que tinham combinado encontro com uma estrela a 75 milhões de anos-luz daqui e, quando apontaram o telescópio, ela tinha sumido. Em vez de irritados, eles ficaram encantados. O que poderia ter acontecido? Estrelas não somem de repente. Ou somem?
O astro desaparecido mora na galáxia PHL 293B, conhecida como Galáxia Anã de Kinman, e havia sido registrado pe la última veze m imagem colhida pelo Telescópio Espacial Hubble, em 2010. À distância em que se encontra, estrelas individuais não costumam ser visíveis, mesmo com nossos mais poderosos telescópios. Mas esta era notória por seu brilho colossal, classificada como rara luminosa variável azul. Trata-se de estrela de altíssima massa, no fim de sua vida, em vias de explodir como uma violenta supernova.
O grupo liderado por José Groh, astrônomo brasileiro que trabalha na Universidade deDubl in, na Irlanda, pretendia estudara composição química da estrela, que guarda semelhança com Eta Carina e, astro que também está para explodir( em algum ponto dos próximos 30 mil anos), mas está dez mil vezes mais perto, a 75 milanos-luz de distância.
Para as observações, a equipe, que reúne cientistas de Irlanda, Chile e EUA, lançou mão do Espresso, instrumento do conjunto VLT, em Paranal, no Chile. Esse espectrógrafo é capaz de reunir observações dos quatro telescópios do conjunto simultaneamente, como se eles fossem um único super telescópio. Coma“assinatura de luz” colhida através dele, os pesquisadores poderiam investigara composição da estrela.
Só que o resultado não mostrou sinal de que a estrela estivesse lá. O que nos deixou num maravilhoso mistério. Será que ela implodiu direto e formou um buraco negro sem passar antes por uma explosão de supernova? Há pelo menos mais um caso de estrela que sumiu sem explodir antes, o que dá alento a essa possibilidade.
Mas essaéam ais entusiasmante das hipóteses. A outra, menos divertida, é que a estrela estivesse muito brilhante no passado devido a uma erupção violenta, mas agora já tenha voltado a nível mais discreto, aponto de não aparecer nos dados do Espresso.
“Como bons detetives, ou cientistas no nosso caso, estamos sendo prudentes e considerando as duas hipóteses”, diz Groh. “Precisamos de observações com outros instrumentos para ter novas pistas e completar o quebra-cabeça.”
O mistério, por ora, perdura. Mas já dá para dizer que os astrônomos adoraram ter perdido esse encontro.