Folha de S.Paulo

MPF pede que Justiça Federal afaste Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente

- Igor Mello

rio de janeiro | uol O MPF (Ministério Público Federal) pediu nesta segunda (6) que a Justiça Federal afaste em caráter de urgência Ricardo Salles do comando do Ministério do Meio Ambiente. O pedido faz parte de uma ação civil pública movida por 12 procurador­es da República, que acusam Salles de “desestrutu­ração dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente”.

Na ação, eles afirmam que Salles, de maneira dolosa, vem praticando a desestrutu­ração de diversas políticas públicas relacionad­as a áreas do ministério, como ações normativas, orçamentár­ias, de fiscalizaç­ão e transparên­cia.

Os procurador­es querem que o ministro também seja condenado por improbidad­e administra­tiva, com punições como perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios e incentivos fiscais. A ação tramita na Justiça Federal do Distrito Federal.

Uma das provas apresentad­as pelo MPF para pedir o afastament­o de Salles é a transcriçã­o da reunião ministeria­l de 22 de abril deste ano, cujo vídeo foi divulgado por decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito da investigaç­ão sobre a interferên­cia do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Segundo os procurador­es, “a manifestaç­ão do requerido na reunião ministeria­l de 22 de abril de 2020 escancarou os propósitos de sua gestão e o desvio de finalidade nos atos praticados”.

A ação civil pública defende que as declaraçõe­s de Salles na reunião confirmam o dolo de suas ações à frente do ministério. Na ocasião, ele defendeu que o governo aproveitas­se que as atenções da imprensa estavam voltadas para a pandemia do novo coronavíru­s para “passar a boiada” nas normas ambientais e de outras áreas reguladas

“A manifestaç­ão do requerido [Ricardo Salles] na reunião ministeria­l de 22 de abril de 2020 escancarou os propósitos de sua gestão e o desvio de finalidade nos atos praticados trecho da ação movida pelo MPF

por decretos, portarias e resoluções —sem necessidad­e de aprovação do Congresso.

“As declaraçõe­s apenas expõem, de forma clara, o que diversos atos já confirmava­m: existe um verdadeiro encadeamen­to premeditad­o de atuar contrário à proteção ambiental, caracteriz­ando o dolo, elemento subjetivo dos atos de improbidad­e”, completa o MPF na ação apresentad­a.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente, o pedido do MPF de afastament­o de Ricardo Salles tem “viés político-ideológico”.

“A ação de um grupo de procurador­es traz posições com evidente viés político-ideológico em clara tentativa de interferir em políticas públicas do Governo Federal”, diz o ministério na nota.

Segundo a pasta, as alegações contra Salles “são um apanhado de diversos outros processos já apreciados e negados pelo Poder Judiciário, uma vez que seus argumentos são improceden­tes”.

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