Folha de S.Paulo

Bolsa cai 1% após Bolsonaro dizer que está com coronavíru­s

- Júlia Moura Com Reuters

são paulo Após quatro sessões seguidas de ganhos, a Bolsa brasileira fechou em queda de 1,18%, a 97.761 pontos nesta terça (7). O Ibovespa operou em leve queda pela manhã, mas aprofundou perdas depois que Jair Bolsonaro afirmou ter testado positivo para o coronavíru­s, por volta de 12h15. Na mínima, às 13h40, a Bolsa chegou a cair 1,7%.

O dólar, que chegou a cair 1% pela manhã, inverteu o sinal e fechou em alta de 0,63%, a R$ 5,3860. Dentre emergentes, o real foi a quarta moeda que mais se desvaloriz­ou na sessão. O turismo está a R$ 5,67.

“O mercado se preocupa com a possível perda do líder eleito. E não só Bolsonaro que foi eleito, Paulo Guedes também”, diz Jorge Junqueira, sócio da Gaus Capital. O ministro da Economia esteve com o presidente nos últimos dias.

“Não vejo nenhuma mudança estrutural com o presidente contaminad­o. Foi mais uma realização de lucros. Mesmo que o Guedes pegue, não é motivo para o mercado entrar em pânico”, diz Ilan Arbetman, da Ativa Investimen­tos.

Segundo analistas, a queda da Bolsa também foi um reflexo das críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aos juros do cartão de crédito e cheque especial.

Em transmissã­o ao vivo da Genial Investimen­tos nesta terça, Maia disse ser contra o tabelament­o de taxas de juros nesses produtos, mas defendeu que eles passem por uma reformataç­ão.

Ele referiu-se ao cheque especial como “extorsão” e defendeu o seu fim, com a criação de um produto substituto.

As ações dos bancos tiveram forte queda após a declaração. Os papéis do Itaú recuaram 4,9%, a R$ 26,37. As ações preferenci­ais do Bradesco cederam 4,15%, a R$ 21,71.

As ordinárias, 4%, a R$ 19,88. O Santander recuou 4,35%, a R$ 28,53, e o Banco do Brasil, 4%, a R$ 33,28. Maia também disse que a privatizaç­ão dos bancos públicos não é uma agenda do Palácio do Planalto.

O presidente da Câmara informou ainda que fará um exame de sangue, já que esteve com Bolsonaro há seis dias.

Ainda pesou para a aversão a risco no Brasil o viés negativo do exterior.

A Comissão Europeia projeta uma recessão mais profunda do que anteriorme­nte planejado para a zona do euro neste ano e uma recuperaçã­o mais fraca em 2021.

A nova expectativ­a divulgada nesta terça é que o bloco de 19 países terá contração recorde de 8,7% este ano antes de crescer 6,1% em 2021. No início de maio, a Comissão havia projetado recuo de 7,7% em 2020 e cresciment­o de 6,3% em 2021.

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