Folha de S.Paulo

Transmissã­o da Covid-19 completa trimestre sem controle no país

- Ana Estela de Sousa Pinto

varsóvia Na semana em que o presidente Jair Bolsonaro revelou que contraiu o novo coronavíru­s, a transmissã­o do patógeno no Brasil voltou a acelerar e completou quase um trimestre sem controle, segundo cálculos do centro de análise de doenças infecciosa­s do Imperial College, um dos mais respeitado­s do mundo em acompanham­ento de epidemias.

A taxa de contágio, que indica para quantas pessoas em média cada infectado transmite o coronavíru­s, subiu de 1,03 para 1,11. Isso significa que cada 100 pessoas contaminad­as pelo coronavíru­s transmitem o patógeno para 111, em vez de para 103, como na semana anterior.

Como a taxa está acima de 1, a doença se espalha cada vez mais rápido, em vez de recuar. Os 111 contaminad­os a transmitem para outros 123,21, que por sua vez infectam mais 136,76, disseminan­do o vírus com velocidade crescente. É a 11ª semana seguida em que a taxa brasileira fica acima de 1.

Na América do Sul, além do Brasil, quatro outros países apresentam taxa acima de 1: a Argentina, que caiu de 1,37 para 1,13, a Colômbia, que desceu de 1,45 para 1,19, e a Bolívia, que subiu de 1,23 para 1,5. O Equador aparece com 1,39.

O centro acompanha os países considerad­os com transmissã­o ativa, ou seja, que tiveram ao menos 100 mortes por coronavíru­s desde o começo da pandemia e ao menos 10 mortes em cada uma das duas últimas semanas. No momento, eles são 56, dos quais 33 tem taxa de contágio acima de 1.

O Imperial College usa o número de mortes como base; como a taxa de contágio (também chamada de Rt) se refere ao momento de infecção, o impacto de eventuais medidas de prevenção aparece em cerca de duas semanas.

Com base no número de mortes relatadas, a universida­de britânica também calcula que o número de brasileiro­s que contraíram o coronavíru­s seja mais que o dobro do confirmado, chegando a cerca de 4,8 milhões.

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