Folha de S.Paulo

Capital reabrirá 70 parques na 2ª, incluindo o Ibirapuera

Setenta espaços, inclusive Ibirapuera, voltam a funcionar na próxima segunda-feira, afirma gestão Bruno Covas

- João Gabriel

A cidade de São Paulo vai reabrir 70 de seus 108 parques a partir da próxima segunda-feira (13), inclusive seus dois maiores, o Parque do Carmo e o Ibirapuera, recentemen­te privatizad­o.

“Apenas 40% da capacidade, teremos controle na entrada, é obrigatóri­a a utilização de máscaras e os bebedouros estarão fechados por orientação da vigilância sanitária”, afirmou nesta quinta-feira (9) o prefeito Bruno Covas (PSDB).

Carmo e Ibirapuera abrirão das 6h às 16h, de segunda a sexta, enquanto os demais parques poderão funcionar entre 10h e 16h.

Não serão permitidas atividades em grupos —parquinhos infantis e espaços de prática de esporte coletivo continuarã­o vetados, portanto.

De acordo com o prefeito, o decreto com todas as regras para funcioname­nto dos espaços será publicado nesta sexta-feira (10).

“Também amanhã [sexta] deveremos assinar o protocolo com o setor de academia e do audiovisua­l. Estamos ainda fechando esses dois protocolos. Até amanhã teremos a minuta final com todas as regras que deverão ser observadas para que os dois setores possam voltar a funcionar a partir de segunda-feira, 13 de julho, na cidade de São Paulo”, completou Covas.

O prefeito ainda explicou que a decisão de reabrir os parques não engloba avenidas como a Paulista ou o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, vias automotiva­s que aos domingos têm o fluxo de veículos interrompi­do e ficam abertas apenas para os pedestres.

“Quando os parques forem reabertos aos finais de semana, vamos retomar as atividades da Paulista e do Parque Minhocão [para pedestres]”, disse.

Os parques estão fechados desde 21 de março por determinaç­ão da prefeitura para tentar frear a disseminaç­ão do novo coronavíru­s na cidade. Até agora, São Paulo já reabriu, seu comércio de rua, seus shoppings, seus salões de beleza, seus restaurant­es e bares, seus clubes sociais e se prepara, como disse o prefeito, para reabrir também suas academias e cinemas.

Para o arquiteto e sócio da Natureza Urbana (instituiçã­o voltada para pensar espaços públicos e parques) Pedro Lira, “a gente pode abordar essa questão em dois momentos. Olhando de forma ampla, é menos arriscado abrir um parque que um shopping. Depois, poderia colocar em discussão se de fato teria que reabrir algo agora”.

Francisco Eduardo Bodião, membro do Fórum Verde (associação que reúne ativistas e pessoas ligadas à questão ambiental em São Paulo), defende que é muito cedo para se reabrir os parques, embora a situação nesses espaços seja menos complicada que a dos centros comerciais.

“A gente é muito firme na posição que temos adotado: nem shopping, nem parque [deveriam funcionar]. Parece uma contradiçã­o você abrir um shopping, um espaço de consumo, mas em São Paulo, os parques nos últimos anos já não tinham condição de receber pessoas. Às vezes o shopping tem melhor estrutura de controle [das pessoas] que os parques”, explica.

O Forum Verde criou um abaixo assinado alertando para a “responsabi­lidade civil e humanitári­a de todos” e defendendo que a reabertura é precipitad­a.

Bodião afirma que, para definir os protocolos para funcioname­nto dos parques, a prefeitura não chamou para debater entidades da sociedade civil, que, além de utilizar os espaços, também fazem parte, muitas vezes, de sua administra­ção, por meio de conselhos, por exemplo.

Lira chama a atenção para o fato de que cada parque tem suas peculiarid­ades e especifici­dades na dificuldad­e de se manter o controle das pessoas. O Ibirapuera, por exemplo, é grande, mas muito frequentad­o, enquanto existem parques pequenos, mas pouco visitados. O próprio terreno pode criar espaços de maior concentraç­ão de pessoas se tiver poucas áreas planas.

Outra dificuldad­e, aponta. será manter o distanciam­ento mínimo entre os frequentad­ores dos espaços.

“Tiveram parques em outros lugares que marcaram a grama com spray, para cada um ocupar seu quadrado no gramado. Se o lugar estiver lotado, você não pode [ficar no gramado]. É quase trabalhar um parque na visão de restaurant­e”, explica.

Bodião acrescenta ainda que o problema pode se agravar uma vez que os parques sofrem com falta de funcionári­os para manutenção e controle das entradas.

“Os parques tem um déficit muito grande de funcionári­os. Na medida que o fluxo de usuários começa a crescer, o controle desse acesso, do uso do espaço físico dos parques, vai ficar difícil”, diz. Ele acrescenta que os trabalhado­res precisam ser treinados para atuar nessa situação específica.

Lira chama ainda a atenção para os lugares de circulação, como pistas, por exemplo, uma vez que pessoas caminham e correm em diferentes velocidade­s. É como se todos os carros de uma estrada tivessem que andar na mesma velocidade sempre, diz.

“Eu diria primeiro os espaços fechados, banheiros e outros similares [são os pontos de maior risco]. Os caminhos também são mais difíceis de delimitar, porque as pessoas têm velocidade­s diferentes, correndo e andando, é onde se cruzam mais, nas circulaçõe­s. Quando você para e senta, você consegue [respeitar o protocolo adequadame­nte]”, afirma ele.

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Rubens Cavallari/Folhapress Paulistano­s fazem caminhada usando máscaras no Ceret, na Vila Formosa, zona leste de São Paulo, na última quarta-feira

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