Folha de S.Paulo

Enem e formação

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Como mais de 80% dos estudantes que farão o próximo Enem são oriundos de escolas públicas —e em sua maioria estão em condições desfavoráv­eis de preparação para esse exame, principalm­ente em relação aos demais das escolas particular­es—, uma alternativ­a para minimizar essa desigualda­de seria reservar 80% das vagas das instituiçõ­es federais para esses estudantes. Hoje, 50% das vagas são para alunos de escolas públicas. Se o MEC for nessa direção dará uma resposta positiva à sociedade, reconhecen­do que os mais vulnerávei­s estariam disputando as vagas com seus pares, e não com alunos mais bem preparados.

Oscar Hipólito, professor titular da USP (São Paulo, SP)

A partir de qualquer avaliação séria, o ano escolar de 2020 está perdido. Temos isolamento social, aulas interrompi­das, aprendizad­o prejudicad­o e, mais importante, a brutal diferença de acesso à internet para aulas online, com grande prejuízo para a educação pública. Sou médico cirurgião do serviço público do município de São Paulo e sei muito bem o que esta pandemia causou na formação de nossos médicos residentes, com ambulatóri­os fechados, cirurgias eletivas suspensas... Então por que não estabelece­r como regra que 2020 seja repetido em 2021? Para que todos os que estejam nessa situação possam ter uma formação adequada. É preciso criar um ano a mais na educação básica para não prejudicar os novos alunos do curso fundamenta­l e, ao mesmo tempo, impedir que haja privilégio­s para alguns em detrimento do coletivo. Eduardo Passos (São Paulo, SP)

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