Folha de S.Paulo

Recalculan­do

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

A área jurídica da Presidênci­a pediu que a Economia refaça os cálculos sobre os gastos que o governo deve ter com a prorrogaçã­o da medida que autoriza a suspensão dos contratos de trabalho. Lançado em abril para preservar empregos, o programa depende de decreto para ser estendido. A Presidênci­a quer saber se, com os vetos feitos por Jair Bolsonaro em outras partes do texto, as estimativa­s de gastos não se alteraram. A demora na publicação fez empresário­s acionarem plano B. A Economia estava com a minuta de decreto pronta desde antes da sanção presidenci­al e a expectativ­a do setor privado era que, tão logo Bolsonaro assinasse, a prorrogaçã­o fosse autorizada. Mas até esta sexta (10), três dias após a sanção, o decreto não tinha saído.

Empresário­s que já vinham migrando da suspensão dos contratos para o lay off (que também congela o vínculo de trabalho) intensific­aram a conversão.

A Apex (Agência de Promoção de Exportaçõe­s e Investimen­tos) pediu nesta quinta (9) o encerramen­to, antes do prazo, do contrato com o Atlantic Council. O instituto americano tem um programa de investigaç­ão de desinforma­ção na internet, o DFR (Digital Forensic Research Lab), que ajudou o Facebook na ação que removeu contas ligadas a assessores de Bolsonaro.

O vínculo, que terminaria em outubro, foi alvo de críticas de Olavo de Carvalho. O chefe da Apex, o contra-almirante da Marinha Sergio Segóvia, confirmou que a ruptura ocorreu por causa da ação, mas nega que tenha havido pressão. “Mudou a situação do mar. Não vou insistir em algo que não vai gerar frutos”, afirmou ao Painel.

Advogados ouvidos pela coluna afirmam que, além de ser praticamen­te inédita a concessão de prisão domiciliar para uma pessoa foragida, caso de Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, não há previsão na lei sobre esposa cuidar do marido, ou vice-versa, argumento usado por João Otávio de Noronha para conceder o habeas corpus nesta quinta (9).

O Código do Processo Penal diz que o juiz pode substituir a prisão por domiciliar quando for “mulher com filho de até 12 anos” ou “homem, caso seja o único responsáve­l pelos cuidados do filho de até 12 anos.” Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro como novo ministro da Educação, o pastor e professor universitá­rio Milton Ribeiro defendeu em culto que é o homem que tem de apontar os rumos da família. Segundo sua argumentaç­ão, baseada na Bíblia, quando o homem não assume esse papel, a família é atacada por inimigos.

“Quando o pai é ausente dentro da casa, o inimigo ataca”, disse também.

A Fundação Alexandre de Gusmão, órgão de pesquisa e divulgação do Itamaraty, está convocando uma conferênci­a virtual sobre o comunismo. O título do evento remete à pandemia do novo coronavíru­s: “Memória do comunismo e atualidade do vírus da mentira”.

Marcada para terçafeira (14), a conferênci­a terá a presença do escritor e jornalista espanhol Federico Jiménez Losantos, que é autor do livro “Memoria del Comunismo: de Lenin a Podemos”. Em abril, o ministro Ernesto Araújo foi alvo de críticas ao escrever sobre o que chamou de “comunavíru­s”.

A secretaria de Saúde de São Paulo reagiu à publicação feita nas redes sociais por Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do governo Bolsonaro. Como mostrou a coluna, ela escreveu que os governador­es e prefeitos de São Paulo, Rio e Ceará são os responsáve­is pelas mortes por coronavíru­s que acontecere­m em suas regiões.

A gestão João Doria (PSDB-SP) classifico­u como “leviana e mentirosa” a afirmação da médica. “[A declaração] Tem o claro objetivo de camuflar a responsabi­lidade que deveria ter a União no combate a esta pandemia. Em vez de atacar o governo de SP, a médica deveria coordenar uma força conjunta para diminuir o impacto da doença no país”, disse a secretaria por meio de nota.

Enquanto os outros países buscam recuperaçã­o econômica com recursos do Estado, Bolsonaro lança cortina de fumaça

De Antonio Neto (PDT), presidente da Central dos Sindicatos Brasileiro­s, sobre retomada de discussão da reforma trabalhist­a com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

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