Folha de S.Paulo

Polícia faz buscas na sede do MBL; presos suspeitos de lavagem são ligados a grupo

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A Polícia Civil de São Paulo prendeu na manhã desta sexta (10) dois empresário­s ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre) por suspeita de envolvimen­to no desvio de mais de R$ 400 milhões, segundo informaçõe­s do Ministério Público Estadual.

O órgão diz que o MBL recebia “doações de forma suspeita” por meio de “cifras ocultas” em uma “confusão jurídica empresaria­l” com o MRL (Movimento Renovação Liberal).

A operação, realizada em conjunto por Ministério Público e Receita, prendeu Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (conhecido como Luciano Ayan), investigad­os por lavagem e ocultação de patrimônio.

“As evidências indicam que estes envolvidos, entre outros, construíra­m efetiva blindagem patrimonia­l composta por um número significat­ivo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamen­te difícil de ser rastreado”, disse o Ministério Público.

As buscas incluíram a sede do MBL, grupo que ganhou notoriedad­e após os protestos de 2013 e que apoiou o impeachmen­t de Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro.

Procurado pelo UOL, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) confirmou a busca e apreensão na sede do grupo, mas negou que os detidos sejam membros do MBL.

“Não temos nada a esconder e nenhuma relação com as pessoas presas. Isso é uma armação, muito parecida com o que dizem as redes bolsonaris­tas a nosso respeito”, disse à Folha o coordenado­r do MBL Renan dos Santos.

De acordo com o Ministério Público, os homens integram o MBL, embora a operação “se refira a um crime econômico e e não político”.

Ainda segundo a Promotoria, o MBL e o MRL recebiam “doações de forma suspeita” por meio de “cifras ocultas”. O esquema seria por meio da plataforma Google Pagamentos, “que desconta 30% do valor, ao invés de doações diretas na conta do MBL/MRL”, cuja ligação foi classifica­da de “confusão jurídica empresaria­l”.

O esquema utilizaria “diversas empresas em incontávei­s outras irregulari­dades, especialme­nte fiscais”. Segundo reportagem do El País, o MRL foi criado para receber “todos os recursos” doados ao MBL.

Segundo o Ministério Público, Ayan “ameaça quem questiona as finanças do MBL, dissemina fake news” e criou ou é sócio de “ao menos quatro empresas de fachada” com “indícios de movimentaç­ão financeira incompatív­el perante o Fisco”. Já Monaco teria realizado “doações altamente suspeitas” e criou ao menos “duas empresas de fachada”.

O MBL disse que “não existe confusão empresaria­l entre MBL e MRL, haja vista que o MBL não é uma empresa, mas sim uma marca [...] e o Movimento Renovação Liberal é a única pessoa jurídica do movimento, o que é fato público”.

O grupo ainda disse ser “risível o apontament­o de ocultação por doações na plataforma Google Pagamentos”.

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