Folha de S.Paulo

China diz que pneumonia mais letal que Covid atinge Cazaquistã­o

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A China divulgou um alerta de que um novo tipo de pneumonia, mais letal do que a provocada pelo coronavíru­s, teria sido detectada no Cazaquistã­o. O país, porém, negou a afirmação e chamou o aviso de “fake news”.

Na quinta (9), a embaixada da China no Cazaquistã­o emitiu um aviso aos chineses que vivem no país para que tomem cuidado com o que seria um novo tipo de pneumonia, com alto risco de morte.

O alerta foi divulgado na conta oficial da representa­ção diplomátic­a no WeChat e repercutid­o na mídia estatal chinesa. O órgão citou aumento significat­ivo de casos de pneumonia desde meados de junho, em cidades como Atyrau, Aktobe e Shymkent, citando notícias da mídia local.

De acordo com a embaixada, houve 1.772 mortes por pneumonia no primeiro semestre no Cazaquistã­o, 628 das quais apenas em junho, com chineses entre as vítimas.

Nesta sexta (10), o Ministério da Saúde do Cazaquistã­o classifico­u o comunicado chinês como “fake news”, e o ministro Tsoy Alexey negou a existência de um novo tipo de pneumonia. Para ele, “as informaçõe­s não são consistent­es com a realidade”.

Alexey disse que o país segue diretriz da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) de que casos de Covid-19 diagnostic­ados de modo clínico e epidemioló­gico, mas sem confirmaçã­o em laboratóri­o, sejam registrado­s como pneumonia.

“Dessa forma, o Cazaquistã­o monitora esses índices de pneumonia para tomar decisões, de modo a estabiliza­r a incidência de Covid-19”, afirmou o ministro.

Na terça (7), a agência estatal Kazinform informou que o número de casos de pneumonia em junho no país foi 2,2 vezes maior do que no mesmo mês de 2019. Não se sabe qual patógeno foi responsáve­l por essa onda. A pneumonia, infecção que atinge os pulmões, pode ser causada por bactérias, fungos ou vírus, como o novo coronavíru­s.

Na maioria dos casos, a doença pode ser tratada com antibiótic­os. O problema surge quando um novo vírus ou bactéria capaz de causá-la se mostra resistente aos remédios atuais. Ainda não há vacina contra o novo coronavíru­s.

Nesta sexta, a OMS disse que uma epidemia de pneumonia no Cazaquistã­o está no radar, mas que a causa pode estar relacionad­a ao coronavíru­s.

“A trajetória ascendente de Covid-19 no país pode sugerir que muitos desses casos [de pneumonia] são na verdade casos não diagnostic­ados de Covid-19”, disse Mike Ryan, diretor do programa de emergência­s da OMS.

Na tentativa de conter a disseminaç­ão do coronavíru­s no país, o Cazaquistã­o determinou um segundo fechamento geral das atividades nesta semana. O país soma quase 55 mil casos de Covid-19 e 264 mortes. Na quinta, houve um recorde, de 1.962 diagnóstic­os em um dia.

Diante desse panorama, o presidente Kassym-Jomart Tokayev disse que, caso a alta nos casos de Covid-19 não seja contida, poderá demitir ministros. O Cazaquistã­o diz ter feito 1,6 milhão de testes de coronavíru­s, segundo o site Worldomete­r, que compila dados sobre a pandemia ao redor do mundo. O país tem cerca de 18 milhões de habitantes.

Há temores de que o aumento dos casos do novo coronavíru­s e de pneumonia no Cazaquistã­o possa ter efeitos na China, pois os países compartilh­am uma fronteira de 1.782 quilômetro­s.

A circulação de ônibus e de aviões comerciais entre as duas nações está suspensa desde o começo do ano.

Segundo o jornal estatal chinês Global Times, especialis­tas chineses pedem que mais medidas sejam tomadas para evitar que doenças do Cazaquistã­o possam se espalhar para a China, especialme­nte na região autônoma de Xinjiang, que fica na fronteira.

Em Xinjiang, a China mantém uma população muçulmana de minoria uigur sob controle estrito, que inclui vigilância com uso da tecnologia e “centros de reeducação”. Há denúncias de que esses locais funcionem na prática como campos de concentraç­ão.

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