Folha de S.Paulo

Senado cobra proposta para não derrubar veto a desoneraçã­o

- Iara Lemos e Danielle Brant

Líderes do Senado deram início a uma articulaçã­o para cobrar do governo uma proposta de negociação para que o Congresso não derrube o veto à desoneraçã­o da folha de pagamento.

Os congressis­tas querem manter o benefício fiscal às empresas. A desoneraçã­o, que atinge 17 setores até o fim de 2021, foi barrada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Lideranças da oposição e de apoio ao governo admitem que, caso o veto seja colocado em apreciação pelo Congresso, será derrubado.

As negociaçõe­s são realizadas diretament­e pelos presidente­s do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para senadores, Guedes já manifestou que o governo tem interesse de manter a desoneraçã­o, mas a grande dificuldad­e no momento seria encontrar as formas de compensaçã­o. Por esse motivo, ainda não apresentou proposta aos congressis­tas.

“Nesse aspecto, tem unanimidad­e. O governo e o Congresso querem a desoneraçã­o”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça).

“Agora é achar a forma e convencer o governo de que, desta vez, não pode colocar o carro na frente dos bois. Não dá para aproveitar este momento para reestrutur­ar a desoneraçã­o criando um novo tributo”, afirmo

A derrubada iminente do veto alertou o governo. Tanto no Senado quanto na Câmara

há votos. A fim de evitar uma derrota no Congresso, o governo busca uma alternativ­a que deve ser apresentad­a aos congressis­tas nas próximas semanas. A taxação de lucros e dividendos é tida como uma possibilid­ade.

“Eu tenho a esperança de que essa negociação vai evoluir, mas o governo precisa da receita compensató­ria. É uma questão de sensatez. Temos voto para derrubar o veto e, se derrubar, será um desastre econômico”, disse o senador Esperidião Amin (PP-SC).

Atualmente, a desoneraçã­o abrange, por exemplo, empresas do ramo de informátic­a, com desenvolvi­mento de sistemas, processame­nto de dados e criação de jogos eletrônico­s, call center e empresas de comunicaçã­o (mídia).

Na quinta-feira (9), entidades da indústria enviaram ofício a Maia e a líderes partidário­s da Câmara em que criticaram o veto de Bolsonaro.

O documento é assinado por 36 associaçõe­s, federações e sindicatos, que defendem o adiamento da medida como forma de preservar cadeias de produção que atingem cerca de 6 milhões de empregos formais diretos.

“O impacto da reoneração da folha em meio à atual crise seria insuportáv­el para esses setores e acarretari­a consequênc­ias drásticas para seus trabalhado­res, empresas, consumidor­es e para o próprio Estado”, diz o ofício, no qual as entidades pedem a “urgente reversão” do veto pelo Congresso.

A indústria lembrou que cabe ao Congresso “usar de suas prerrogati­vas para reverter o veto e ajudar na preservaçã­o desses estratégic­os setores e seus empregos”.

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