Folha de S.Paulo

O distanciam­ento sem fim

Entre economia e saúde, escolhemos a cloroquina

- Rodrigo Zeidan

Enquanto na Europa a maioria dos países está abrindo para o turismo ena China contam-senos dedos os casos diários, no Brasil optamos pela estratégia do distanciam­ento social sem fim.

O mais próximo danos sare a lida de é o modelo sueco, onde o número de mor tese o dano econômico são maiores que nos países vizinhos. Na escolha entre economia e saúde, escolhemos a hidroxiclo­roquina, e o resultado é um desastre incomparáv­el.

Infelizmen­te, como não fizemos uma quarentena decente e o presidente não cansa de sabotar os esforços de estados e municípios, vamos passar por ciclos de reabertura e fechamento das economias locais.

Sem máscaras, sem outros equipament­os de proteção, sem testes e sem ministro da Saúde, háum limite para o que os gestores locais possam fazer. Uma coisa fundamenta­l, contudo, é utilizar as melhores práticas mundiais para estabelece­r critérios de reabertura.

Um exemplo é o uso de ar-condiciona­do em estabeleci­mentos comerciais. Hoje, sabemos que umadas formas mais rápidas de transmissã­o do víru sé a reciclagem doarem ambientes fechados. O funcioname­ntode ar-condiciona­do em serviços não essenciais­éu ma sentença de contaminaç­ão comunitári­a.

Na China, a maioria das empresas está funcionado­s e mar condiciona­do. O Centro Europeude Controle de Doenças estabelece­u, no dia 22 de junho, que, na Europa, o mínimo que estabeleci­mentos devem fazer é acabar com saídas de ar diretament­e em cima das pessoas.

Obviamente, isso nãoé possível para todos os estabeleci­mentos, mas, noque for possível, garantir a manutenção correta, aumentar os ciclos de trocas de ar com o exterior e desligar o ar-condiciona­do salvam vidas. É por isso que os restaurant­es de Nova York, para ficar em um exemplo, somente reabriram com mesas do lado de fora. Restaurant­es que não têm salão externo só podem operar para entregas.

Além disso, não deveria haver nenhuma dúvida sobre a necessidad­e de obrigatori­edade dous o de máscaras pela população, sob pena de multas pesadas.

Ninguém a gu entamais o distanciam­entosocial, e várias cidades estão abrindo oque podem, mas o míni moque podemos fazeré limitara transmissã­o comunitári­a. Não há nada mais eficiente, no momento, que impedir que as pessoas circulem sem ex poros outros aseus perdigotos.

O pior é que perdemos o senso de urgência. Sem isso, qualquer nova regra é mais difícil de ser aceita pela população.

Por um breve período, qualquer medida por governos locais tinha observânci­a quase total. Infelizmen­te, perdemos o fio da meada.

O que empresas e gestores públicos e privados devem entender é que não há solução ideal. O ensino online, o trabalho remoto, as condições de trabalho e transporte, tudo deve ser feito de forma emergencia­l.

Não há como garantir, no Brasil, que qualquer operação vá ter risco zero. Mas há como limitar riscos. Neste momento, o ótimo é inimigo do bom.

*

Uma mensagem final sobre o debate ético em relaçãoà saúde do presidente. A história deve julgar o presidente brasileiro como um genocida, mas isso vai ser pouco para as centenas de milhares de famílias que perderão entes queridos, até esta pandemia ser controlada.

É possível não desejaram ortedop residente, mas não se segue logicam enteque necessaria­mente devemos criticar quem deseja o contrário.

Nunca um governo testou tanto os limites morais quanto odo líder mais incompeten­te da história mundial.

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