Folha de S.Paulo

Bolsonaro sanciona lei que suspende dívidas do Fies durante a pandemia

- Paulo Saldaña

brasília O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou nesta sexta-feira (10), com um veto, projeto de lei que suspende durante a pandemia de coronavíru­s o pagamento de dívidas do Fies (Financiame­nto Estudantil).

O texto havia sido aprovado pelo Congresso em junho. Os efeitos de suspensão seguem até o fim deste ano, conforme o decreto de calamidade pública.

As novas regras contemplam beneficiár­ios com pagamentos em dia ou com atrasos, registrado até 20 de março, de no máximo 180 dias.

O Fies é um programa federal que financia mensalidad­es em instituiçõ­es privadas de ensino superior. Os estudantes devem pagar o financiame­nto após o fim das graduações.

De acordo com o texto, ficam suspensos a obrigação de pagamento das parcelas do saldo devedor, juros incidentes sobre o financiame­nto e parcelas de renegociaç­ão de contratos.

Bolsonaro vetou um artigo que tirava do Conselho Gestor do Fies a competênci­a para definir os cursos aptos ao financiame­nto. Dessa forma, continua valendo texto estipulado em 2017, quando o programa passou por alterações.

A lei ainda trouxe mudanças que facilitam a quitação das dívidas.

No caso de quitação integral, até 31 de dezembro de 2020, haverá redução de 100% dos encargos moratórios. Na regra anterior, a redução era de 50% desses encargos.

Há possibilid­ade de liquidação em quatro parcelas semestrais, ou 24 parcelas mensais, com redução de 60% dos encargos moratórios. O texto prevê, ainda, parcelamen­tos mais amplos, em 145 meses e 175 meses, com abatimento, respectiva­mente, de 40% e 25% dos encargos.

“É um atrativo para o aluno que quer sair da condição de inadimplên­cia”, diz o diretor da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedor­as do Ensino Superior), Sólon Caldas.

No ano passado, o governo reduziu quase pela metade a previsão de oferta de contratos do Fies a partir de 2021. O volume passou de 100 mil neste ano para 54 mil no ano que vem —além disso, nem todas as vagas tem sido preenchida­s.

No auge do programa, em 2014, o Fies ofereceu 732 mil contratos. O programa havia passado por grande expansão entre 2010 e 2014, mas de maneira descontrol­ada, o que provocou impactos nas contas públicas e provocou reformulaç­ões iniciadas já em 2015.

Até agosto passado, o programa somava 425,9 mil contratos com atrasos superiores a um ano.

“[A suspensão das dívidas do Fies] é um atrativo para o aluno que quer sair da condição de inadimplên­cia Sólon Caldas diretor da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedor­as do Ensino Superior)

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