Bogotá volta a adotar quarentena restrita
Como Santiago e Buenos Aires, cidade colombiana teve aumento de casos
Grandes cidades latinoamericanas, como a capital da Colômbia, estão precisando recuar na flexibilização do isolamento por causa do aumento de casos de coronavírus.
buenos aires Na pandemia do coronavírus, grandes cidades latino-americanas estão recuando na reativação da economia e na flexibilização de suas medidas sanitárias por conta da escalada do vírus.
Ocorreu primeiro com Santiago (Chile), que havia adotado uma quarentena vertical desde o início da pandemia: um aumento súbito dos casos levou as autoridades a decretar um “lockdown” da região metropolitana, onde vivem 8 milhões de pessoas, em 13 de maio.
Depois, foi Buenos Aires. Em sua longa quarentena, que está em seu 113º dia, a Argentina foi relaxando e flexibilizando medidas sanitárias em distintas províncias e cidades com pouca circulação do vírus. Em 9 de junho, foi a vez de a capital do país, cuja região metropolitana tem 14,8 milhões de habitantes, reabrir parte do comércio, das indústrias e permitir exercícios ao ar livre das 20h às 8h.
O resultado não foi bom, e os casos cresceram de modo exponencial, passando a representar 97% dos contágios do país. O governo, então, decretou um novo “lockdown”, vigente desde o último dia 1º e previsto até sexta-feira (17). Só podem circular os chamados “trabalhadores essenciais”, e acabou a liberação para a atividade física.
A partir desta segunda-feira (13) e até 26 de agosto, será a vez de Bogotá, a capital da Colômbia, cuja região metropolitana tem 10,7 milhões de habitantes, voltar a uma quarentena restrita.
A decisão foi tomada na última sexta (10) pela prefeita Claudia López, com a anuência do presidente Iván Duque. A Colômbia encontra-se com medidas de distanciamento social desde 25 de março e, por decisão do mandatário, agora estendidas até 1º de agosto.
Em mais de 600 cidades sem casos e em regiões em que o vírus está mais controlado, porém, as medidas são mais leves e, desde o fim de junho, havia começado uma reativação da atividade econômica na capital do país.
López, porém, foi contra. Depois de algumas fricções entre ela, que é do partido Verde (centro), de oposição a Duque, ligado ao partido Centro Democrático (direita), os dois concordaram em recuar na reabertura de Bogotá.
Segundo a prefeita, a reabertura trouxe de volta às ruas 7 milhões de pessoas, o que levou a equipe de infectologistas que a assessoram a pedir de novo quarentena rigorosa.
“Quando nós a adotamos, em março, conseguimos reduzir o movimento de pessoas a 80% da população. Agora estamos com menos de 10% apenas abaixo do normal. Não podemos chegar no pico da doença com essa quantidade de gente circulando”, disse a jornalistas na sexta.
Segundo a prefeita, os infectologistas esperam que o pico de transmissões ocorra na primeira semana de agosto.
Neste que ela chamou de “último esforço da cidadania” estarão funcionando apenas os serviços de saúde e farmácias, o abastecimento de alimentos, o sistema de segurança e de comércio de combustível.
Entre as 8h e as 17h, ninguém poderá sair às ruas, e está proibida a venda de bebidas alcoólicas. Os exercícios ao ar livre estarão proibidos.
O aeroporto internacional de El Dorado, principal do país, continuará fechado, operando apenas voos especiais até o começo de agosto, quando haverá nova avaliação.
Outro dos fatores que levaram a essa decisão foi o alerta que veio da rede hospitalar —85% dos leitos de UTI estão ocupadas. O principal hospital da cidade, o Simón Bolívar, está transferindo casos que não sejam de coronavírus para outras unidades.
Até a sexta (10), o número de infectados em Bogotá superava as 42 mil pessoas, com um total de mortos de 959.
Durante o período desta nova medida, o governo municipal garantirá renda básica para 700 mil famílias carentes, principalmente habitantes da periferia da cidade. Além disso, por parte do governo nacional, os pacientes diagnosticados com coronavírus recebem 240 mil pesos colombianos (R$ 350) durante seu processo de recuperação.
“A ideia é vencer o pico do contágio. Apelo à consciência cidadã”, disse López.