Jogada ensaiada
brasília Próximo presidente do STF, Luiz Fux carrega no currículo uma revelação sobre os bastidores de sua campanha ao tribunal em 2011.
Sob pressão dos petistas, preocupados com o julgamento do mensalão, Fux teria dito “eu mato no peito”, segundo admitiu em 2012 à Folha.
O ministro, então no STJ, foi escolhido por Dilma Rousseff. Ao contrário da promessa feita no escurinho, Fux não matou no peito e votou pela condenação dos envolvidos, inclusive do ex-ministro José Dirceu.
O jogo da sucessão de Celso de Mello, que deixa o Supremo em novembro, já começou e tem candidato dominando a pelota com classe.
Candidatíssimo ao posto do decano, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, mandou Fabrício Queiroz para a prisão domiciliar.
Matou no peito o maior pesadelo de Jair Bolsonaro e deu passe de letra ao conceder o benefício a Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, que estava foragida até sexta-feira (10).
Noronha é conhecido no mundo jurídico por ser linha dura na área criminal. Desde o início da pandemia, o ministro do STJ negou habeas corpus a quatro investigados.
Ele aliviou a tormenta de Bolsonaro em um momento bem delicado para o presidente. Um assessor tutelado por Carlos Bolsonaro, com sala no Planalto, é apontado como operador de contas falsas na internet para atacar adversários.
Empresários pressionam contra a política ambiental. Aumenta a cada dia a cobrança para a demissão do ministro Ricardo Salles.
No combate à Covid-19, o governo federal perdeu uma batalha sem nunca ter entrado nela de fato.
Mas nada se compara, em termos de potencial de estrago político, à prisão de Queiroz. O PM aposentado compartilha de segredos financeiros da família do chefe da República.
Em recente evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que sua relação com o presidente do STJ foi “amor à primeira vista”.
Estará nas suas mãos, daqui a poucos meses, um gesto para que seja eterno enquanto dure.