Folha de S.Paulo

Kalil acumula novos débitos de IPTU em seu mandato em BH

Em busca da reeleição, prefeito deve R$ 243 mil à própria prefeitura e deixou de pagar R$ 93 mil entre 2017 e 2019

- Carolina Linhares

são paulo O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que concorre à reeleição neste ano, deve R$ 243 mil de IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) à prefeitura que comanda. A dívida, referente a cinco imóveis em seu nome, se acumula desde 2001 e continuou a crescer durante seu mandato.

Entre 2017 e 2019, segundo levantamen­to da Folha, o prefeito deixou de pagar

R$ 93.240,42 referentes ao imposto. Nesse período, as dívidas foram protestada­s em cartório nove vezes. A última ocasiãoemq­ueaprefeit­uracobrou a dívida por meio de protesto foi em 27 de agosto de 2019.

A dívida de Kalil com a prefeitura veio à tona na campanha de 2016 e foi usada por adversário­s para atacá-lo. Como o débito perdura quatro anos depois, o tema promete voltar a gerar questionam­entos na eleição deste ano —em que Kalil é considerad­o favorito.

Dias antes do segundo turno, em 2016, Kalil prometeu que não assumiria a Prefeitura de BH sem pagar o IPTU. Em entrevista à TV Globo, no dia 25 de outubro, o então candidato afirmou que a dívida estava paga e que o assunto estava superado.

“Mas eu já paguei, estou pagando, né? […] Mas esse assunto já está superado e esse problema tão grande que eles criaram, depois de revirar a minha vida, foi esse IPTU e isso já está resolvido, né?”, afirmou à TV Globo.

Segundo ele, o valor do débito não era de R$ 500 mil, como divulgado à época, mas de aproximada­mente R$ 120 mil.

Como mostrou a Folha, Kalil descumpriu a promessa e assumiu a prefeitura sem quitar o débito com a administra­ção municipal, que somava R$ 297 mil. Na época, o prefeito pagou R$ 78 mil e acertou o parcelamen­to do restante em até 96 meses (oito anos).

Na semana passada, ao jornal Estado de Minas, Kalil disse que segue devendo o IPTU, mas não revelou o montante da dívida nem entrou em detalhes sobre o tema. “O que eles tinham pra falar de mim, que eu devia IPTU, eu continuo devendo”, disse ao referir-se a adversário­s políticos.

O atual débito de IPTU refere-se a três propriedad­es em bairros nobres de Belo Horizonte (Serra e Savassi), uma em bairro da região norte (Venda Nova) e uma em bairro da região leste (Santa Tereza). Mesmo após assumir a prefeitura, Kalil deixou de pagar IPTU referente a três desses imóveis nos anos de 2017, 2018 e 2019.

Desde 2017, a dívida de IPTU acumulada somente na propriedad­e de Venda Nova supera R$ 68 mil.

Na eleição municipal de 2016, Kalil declarou patrimônio de quase R$ 2,8 milhões e investiu R$ 2,4 milhões do próprio bolso em sua campanha. O prefeito afirma que vendeu um imóvel para bancar sua candidatur­a.

Kalil foi presidente do Clube Atlético Mineiro e é sócio de duas empresas de construção civil. Sua dívida de IPTU e dívidas trabalhist­as das empresas foram a principal acusação contra ele na campanha passada.

Procurado pela Folha ,o prefeito afirmou que pagou parte da dívida em 2016, mas continua devendo.

“Isso porque não roubei, não enriqueci na prefeitura nem usei do cargo para me beneficiar. Estranho seria se as dívidas tivessem desapareci­do. Nenhum tratamento especial foi dado a mim”, afirmou.

“Inclusive, as dívidas que o município tem comigo e com minha família também não tiveram nenhum tipo de tratamento diferencia­do. Minha dívida foi processada como as dos milhares de cidadãos que também tem débitos.”

Segundo Kalil, uma de suas empresas, a Erkal, tem R$ 1,5 milhão a receber da prefeitura por serviços prestados, como o asfaltamen­to de ruas ao município. Em 2016, a empresa chegou a ter a falência decretada pela Justiça devido a uma dívida, mas a decisão foi suspensa.

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Amira Hissa - 19.jun.2020/Divulgação PBH O prefeito de BH, Alexandre Kalil, fala sobre o coronavíru­s

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