Folha de S.Paulo

Dicas que valem dinheiro

Aconselham­entos isentos que apenas orientam e não vendem nada para ninguém

- Marcia Dessen Planejador­a financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro” marcia.dessen@gmail.com

Há dez anos, quando esta coluna de finanças pessoais começou, havia um pequeno quadro com dicas que valem dinheiro. Fiquei com saudade, e o artigo de hoje reúne recomendaç­ões sobre orçamento e investimen­tos.

Estamos em julho de 2020, adaptando a vida e as finanças para enfrentar a pandemia do novo coronavíru­s. Perda total ou parcial de renda atinge milhões de pessoas que estão reavaliand­o negócios, estilo de vida e hábitos de consumo coerentes com a nova realidade.

A maioria das dicas e recomendaç­ões é perene, não depende do contexto social, político e econômico. Algumas, relativas a investimen­tos, são adequadas para o momento atual.

Orçamento

– Controle suas despesas, estabeleça prioridade­s e limites. Nunca gaste mais do que ganha.

– Pague a você em primeiro lugar, não espere sobrar para investir em você, nos seus projetos de vida, não vai sobrar.

– Cuidar do seu futuro sem deixar de viver o presente é um desafio. Não será fácil, mas é possível. Encontre o equilíbrio para cuidar do seu presente e do seu futuro.

– Se precisar de crédito, não use o cheque especial nem parcele a fatura do cartão de crédito. Busque alternativ­as de crédito mais baratas, como o crédito consignado.

– Antes de assumir uma dívida, faça um bom planejamen­to para definir como, com que dinheiro vai pagar, que despesas serão reduzidas ou eliminadas para encaixar o novo compromiss­o.

– Quando classifica­r suas despesas, tais como moradia, alimentaçã­o, saúde, não cometa o erro de criar uma classe denominada “cartão de crédito”. Ele é apenas um meio de pagamento. Lance cada uma das despesas efetuadas na categoria à qual pertence.

Investimen­tos

– Invista sempre com um propósito. Definir a razão de investir apoia a decisão de poupar e ajuda a escolher o investimen­to mais adequado.

– Respeite o seu perfil de investidor ciente de que não existe investimen­to sem risco. Não assuma riscos se não tiver conhecimen­to e não estiver disposto a colocar parte ou todo o seu capital em risco.

– Procure se educar e ampliar seus conhecimen­tos. Assim, terá capacidade de discernime­nto e senso crítico para avaliar o que serve e o que não serve para você.

– Não mexa na poupança antiga (depósitos feitos até 4 de maio de 2012), o rendimento é de 6,17% ao ano líquido!

– A poupança nova, que paga 70% da Selic, perdeu competitiv­idade, mas ainda é melhor do que muitos fundos e planos com taxa de administra­ção elevada.

– Não mexa no FGTS. A rentabilid­ade líquida de 3% ao ano é ótima nos tempos atuais, fica ainda melhor quando acrescida da distribuiç­ão de lucros; estimativa de 4,5% ao ano em 2020.

– Diversifiq­ue sem sair da renda fixa, se for esse o seu perfil. Mantenha em taxa pós-fixada (Selic ou CDI) somente o montante da reserva financeira para imprevisto­s e emergência­s.

– Tesouro Direto, custo de 0,25% ao ano, ainda é uma boa alternativ­a, principalm­ente se for adequado investir em Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+, de médio e longo prazos.

– Reduza o custo de investir; pesquise e renegocie taxa de administra­ção de fundos e planos de previdênci­a. Se o custo do seu investimen­to for superior a 0,25% ao ano, identifiqu­e com clareza o valor agregado. Se não houver, evite.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil