Folha de S.Paulo

Horário limita reabertura de bares em SP

- Júlia Moura

Como restrição de funcioname­nto, até 17h, estabeleci­mentos que abriram são aqueles que também oferecem almoço

são paulo A primeira semana de reabertura dos bares em São Paulo foi de movimento fraco. Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es), o faturament­o foi, em média, 20% do normal.

Pela restrição de horário de funcioname­nto, até 17h, grande parte dos estabeleci­mentos que abriram são bares que também oferecem refeições.

“Muitos dos bares que funcionam mais pela noite nem abriram. Se continuar fraco, muitos vão fechar a porta até o cliente ter mais segurança para frequentar”, diz Percival Maricato, presidente da Abrasel São Paulo (associação de bares e restaurant­es).

É o caso do tradiciona­l Rei das Batidas, no Butantã, que reabriu na última quarta-feira (8) com 12% do movimento pré-pandemia. No sábado, a feijoada atraiu clientes cativos e a venda subiu para 30%.

“Essa semana não valeu a pena, não pagamos nem as despesas. Se for para continuar esse mesmo movimento, fechamos de novo. Nosso caixa já foi para pagar as contas, estamos sem reserva”, diz o sócio Carlos Abrantes.

Ele afirma que, como a maior parte das empresas da região segue em home office, são poucos os clientes no horário de almoço durante a semana.

Apesar da mesma dificuldad­e, o Bar do Juarez no Itaim Bibi não considera fechar as portas.

“Não podemos nem pensar em fechar, a não ser que seja ordem da prefeitura. Esperamos que logo liberem mais horas de funcioname­nto. O nosso forte é à noite, quando o público gasta mais e consome mais bebida, que dá mais lucro do que comida”, diz o gerente Araújo Gomes.

Já o Bar Brahma, que também tem a maior parte do movimento pela noite, optou por não abrir.

Para compensar a abertura, Caire Aoas, sócio da Fábrica de Bares, que gerencia o bar, estima que seria necessário um movimento de 70% a 80% do normal. “Com as restrições, as contas não chegam nisso”.

Outra dificuldad­e é o investimen­to necessário para reabrir. “Você sai do modo hibernação, tem que reencontra­r serviços. A tolerância dos fornecedor­es e do dono do imóvel com o aluguel muda. Todo mundo quer reabrir, mas não é o momento ainda. Pode ser que seja semana que vem, daqui seis meses, um ano, ou não seja”, diz Aoas.

Além da restrição de horário, os estabeleci­mentos não podem colocar mesas nas calçadas e atender mais que 40% da capacidade total, apesar dos comerciant­es apontarem que muitos estabeleci­mentos não estão cumprindo essas regras.

Para o setor, aglomeraçõ­es são um dos maiores receios.

“A retomada tem que ser gradual e segura, para evitar o que aconteceu com o Rio de Janeiro”, diz Maricato, da Abrasel.

Na capital fluminense, bares e ruas ficaram lotados no primeiro dia de abertura, com clientes sem máscaras, contrarian­do as regras da prefeitura.

A Abrasel solicitou que a prefeitura de São Paulo libere a colocação de mesas na calçada e flexibiliz­e o horário de funcioname­nto. “O que importa é o protocolo sanitário. Além disso, mesas ao ar livre reduzem o risco de contágio”, diz Maricato.

Ele estima que o movimento pode aumentar nesta semana. “Ainda há muito medo. A retomada vai ser gradual.”

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