Folha de S.Paulo

Flamengo vence, mas ainda parece confinado

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

A preocupaçã­o do técnico do Fluminense, Odair Hellman, era não deixar espaço entre as linhas de defesa e meio de campo, onde o Flamengo reveza até três jogadores. Com as mudanças da escalação deste domingo (12), Diego usou este espaço aos 28 minutos e começou a jogada do gol de Pedro.

O gol da realidade, que deixou o Flamengo à frente do Fluminense pela primeira vez nas finais que iniciaram quarta (8). A chance para Diego jogar entre as linhas nasceu da crença do Fluminense de que podia sair um pouco mais, encarar mais de frente do que na final da Taça Rio.

No empate por 1 a 1 e vitória tricolor nos pênaltis, o Fluminense esperou com duas linhas de quatro separadas por Hudson. O Flamengo tinha pouquíssim­o espaço para o passe decisivo.

Questionad­o se repetiria a estratégia no domingo ou mexeria na forma de encarar o rival, já apresentad­o à arapuca, Odair Hellmann respondeu: “Tenho de repetir, porque não posso dizer ao elenco que deu tudo certo e agora vamos mudar tudo.”

Mas o Fluminense mudou. Seja por mais confiança, ou porque o Flamengo preferiu atrair o rival, o time de Odair Hellmann ofereceu mais espaço. Até criou mais chances até os quinze minutos, quando pela primeira vez o rubronegro escapou com três atacantes contra três zagueiros.

Depois do gol, outra vez sofreu contra-ataque, com um defensor a menos do que atacantes do Flamengo.

Não é fácil encarar o melhor time do Brasil. É tão difícil que, quando parece fácil, você passa a acreditar que é possível e isto torna tudo ainda mais complicado.

Na final da Taça Rio, Odair queria duas coisas: 1. Não errar passes; 2. Diminuir o espaço entre as linhas.

Não errar passes significav­a evitar a recuperaçã­o rápida de bola do Flamengo no ataque. O arrastão de Jorge Jesus é parte fundamenta­l de sua estratégia. O Fluminense cuidou do passe e evitou a pressão, mas ofereceu espaço neste domingo. Acreditar mais aumentava o risco, mas também significav­a arrancar contraataq­ues no mano a mano, como no lance de seu gol, aos 15 do segundo tempo.

Quando a bola chegou à esquerda para Egídio, havia quatro tricolores e três rubro-negros. Evanilson fuzilou. O Fluminense quase virou o jogo numa finalizaçã­o de Yago, em outro contra-golpe, mas caiu na própria arapuca. Não foi pelo Sobrenatur­al de Almeida que sofreu contra-ataque de escanteio a seu favor. Levou gol do Volta Redonda exatamente assim.

Odair Hellmann argumenta que, depois da quarentena, teve só 21 dias de trabalho, contra 46 do Flamengo, apenas dez sessões de treino, só cinco táticos.

Tudo verdade. Também é justo dizer que o Fluminense impôs ao Flamengo, em dois jogos, dificuldad­es que Jesus não pensava enfrentar.

Não pode ser pelo debate sobre Jorge Jesus. Marcos Braz foi ao Ninho do Urubu por três dias seguidos, o que não é comum, e disse aos jogadores para não pensarem nisso. “Nosso problema se chama Fluminense”, disse.

Continua sendo. Antes da terceira partida decisiva, a impressão é a de que o Flamengo não está igual. É favorito para ganhar, mas não joga bem há dois jogos.

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