Câmara rejeita abrir impeachment de Marcelo Crivella
Pedidos haviam sido protocolados depois de reportagem revelar ‘guardiões’
Por 25 votos a 23, a Câmara do Rio rejeitou a abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), acusado de improbidade administrativa no uso de funcionários para cerceamento da imprensa em hospitais.
Por 25 votos a 23, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (3) a abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) por improbidade administrativa no uso de funcionários da prefeitura para cerceamento da imprensa na porta de hospitais.
Dois pedidos de impeachment haviam sido protocolados na terça (1º), um dia depois de reportagem da TV Globo revelar a existência dos chamados “Guardiões do Crivella”, ocupantes de cargos de confiança escalados para atrapalhar a imprensa e impedir depoimento dos usuários da rede pública de saúde.
Filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) votou contra a abertura do processo.
Pelo menos 20 funcionários da prefeitura —com pagamentos que variam de R$ 2,7 mil a R$ 18 mil’ brutos— são escalados para abordar jornalistas e entrevistados para interromper gravações.
Secretários municipais, colaboradores diretos de Crivella e até o procurador-geral do município participam de um dos grupos para controlar o “plantão” de funcionários na frente de hospitais para impedir divulgação de denúncias.
O chefe da Casa Civil, Ailton Cardoso da Silva, é um dos administradores do grupo Guardiões do Crivella, que inclui também Marcelo da Silva Moreira Marques —procuradorgeral do município— e a secretária de Saúde, Bia Busch.
O plantão foi suspenso depois de sua revelação. Segundo reportagem do RJ2, da TV Globo, o plantão funcionava das 5h45 às 14h. Em duplas ou sozinhos, os funcionários batiam o ponto na frente de hospitais municipais mandando fotos para comprovar em um grupo no WhatsApp.
O trabalho desses funcionários era acompanhado em três grupos no WhatsApp: “Guardiões do Crivella”, “Plantão” e “Assessoria Especial GBP” [Gabinete do Prefeito].
Os funcionários eram escalados também para constranger beneficiários das cestas básicas distribuídas durante a pandemia, impedindo críticas à qualidade dos produtos.
A Polícia Civil abriu inquérito e cumpriu nove mandados de busca e apreensão. O caso será investigado pelo Ministério Público. A chefe de gabinete de Crivella foi convocada a depor.
A votação desta quinta foi marcada por bate-boca entre apoiadores e opositores de Crivella. Em oposição ao prefeito, o vereador Célio Luparelli (DEM) comparou a atuação dos guardiões à ação de milicianos. “Uma verdadeira atitude de milícia. Ficou nítido o desvio de função. Negar isso é negar as evidências. É virar as costas à população”, comentou.
Leonel Brizola (PSOL) chamou os integrantes do grupo de “jagunços contratados pelo poder público”. As críticas foram reforçadas por Paulo Pinheiro (PSOL): “Quem nomeou esses guardiões, esses capangas para trabalhar nessa função? Tentando impedir o trabalho da imprensa e que familiares tenham informações”.
O vereador Inaldo Silva (Republicanos), do mesmo partido de Crivella, defendeu o prefeito. “Faltam menos de três meses para a eleição e um processo desse vai acrescentar o que? Será que estão querendo desestabilizar o prefeito? O prefeito é forte. A força dele não vem dele e sim da fé dele. Por isso que forte não é quem bate, e sim quem apanha e resiste”, comentou Silva.
O vereador Marcelo Siciliano (Progressistas) também saiu em defesa do prefeito.
“Uma verdadeira atitude de milícia. Ficou nítido o desvio de função. Negar isso é negar as evidências. É virar as costas à população
Célio Luparelli vereador pelo DEM
“Faltam menos de três meses para a eleição e um processo desse vai acrescentar o que? Será que estão querendo desestabilizar o prefeito? O prefeito é forte. A força dele não vem dele e sim da fé dele. Por isso que forte não é quem bate, e sim quem apanha e resiste
Inaldo Silva vereador pelo Republicanos