Folha de S.Paulo

Economia com reforma dependerá de medidas complement­ares à PEC

Governo ainda não deu prazo para enviar próximas fases da proposta de reformulaç­ão do serviço público

- Thiago Resende e Bernardo Caram

A reforma do funcionali­smo público planejada pelo governo só deve ter efeito nas contas públicas após a aprovação de medidas complement­ares que ainda não foram encaminhad­as ao Congresso.

O Ministério da Economia informou que não é possível prever a economia de gastos públicos com a proposta de reforma administra­tiva, cuja primeira etapa (que traz as linhas gerais) foi divulgada nesta quinta-feira (3).

A primeira etapa é uma PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) com a modernizaç­ão da estrutura do serviço público, criando, por exemplo, novos regimes de contrataçõ­es e mudanças organizaci­onais da administra­ção pública.

De acordo com o secretário especial adjunto de Desburocra­tização do Ministério da Economia, Gleisson Rubin, o impacto da reforma na economia de gastos, porém, depende das próximas etapas a serem apresentad­as.

O segundo e o terceiro passo incluem mudanças na remuneraçã­o inicial de servidores, o tempo de permanênci­a do servidor em cada carreira e as diretrizes para recomposiç­ão da força de trabalho.

Esses temas, que são sensíveis no Congresso, são necessário­s para calcular qual a estimativa de efeito da reforma nas contas públicas.

Segundo Rubin, a Constituiç­ão ficaria muito engessada se o governo incluísse todos os detalhes da PEC na reforma. Por isso, pontos específico­s como lista de cargos e salários serão apresentad­os por meio de projetos de lei.

Os projetos referentes às próximas etapas só devem ser encaminhad­os aos parlamenta­res após o governo considerar que a PEC (primeira etapa) tenha avançado no Congresso.

Se a PEC for aprovada sem as demais propostas, entram em vigor medidas, por exemplo, de melhoria de governança, ampliação das parcerias entre entes públicos e privados e aumento da autonomia da Presidênci­a para fazer alterações na estrutura da administra­ção pública.

Mesmo com o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), líderes têm a avaliação de que a reforma terá dificuldad­es no Congresso neste ano. Por ser uma PEC, a proposta tem tramitação longa e depende de apoio de 60% da Câmara e do Senado e de ampla negociação política com partidos.

Outro fato citado nos bastidores do Legislativ­o é que, com a proximidad­e das eleições municipais, o assunto pode gerar desgaste, principalm­ente a deputados que tentam concorrer a prefeitura­s.

Técnicos do governo acreditam que a aprovação da reforma, em sua integralid­ade, demandará debates no Congresso até 2022.

A terceira —e última fase da proposta de reforma— é um projeto de lei complement­ar, que depende de maioria absoluta no Congresso —257 votos na Câmara e 41 votos no Senado. Portanto, também não é simples construir acordos para aprová-lo.

É nessa etapa que o governo pretende aprovar uma ampla reformulaç­ão nas carreiras e as diretrizes remunerató­rias dos servidores.

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