Folha de S.Paulo

Folha ajusta monitor para ter resultados mais estáveis

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A Folha fez nesta quinta-feira (3) ajustes no seu monitor de aceleração da Covid-19, para deixar mais estável a definição do estágio que estão o país, estados e cidades com mais de 100 mil habitantes.

O monitor tem como base um modelo estatístic­o desenvolvi­do por Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática da USP e membro do coletivo Covid Radar, e por Rodrigo Veiga, doutorando em física pela USP.

O modelo se baseia na evolução dos casos em cada local (cidade, estado, país) e tem como parâmetro um período de 30 dias, com mais peso para o período mais recente. Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos casos cresce ou diminui.

A situação em cada local avaliado recebe uma classifica­ção. Há cinco possibilid­ades: inicial, acelerado, estável, desacelera­do e reduzido.

A fase inicial é aquela em que surgem os primeiros doentes. O Brasil já não tem nenhuma cidade com mais de 100 mil habitantes nessa situação.

A etapa acelerada é aquela em que há aumento rápido do número de novos casos. Na estável, ainda há número significat­ivo de pessoas sendo infectadas, mas a quantidade de novos casos é constante.

Quando o número de novos casos cai ao longo do tempo de maneira consideráv­el, tem-se a fase de desacelera­ção. Já na etapa reduzida há poucos casos novos (ou nenhum), levando em consideraç­ão o histórico da epidemia naquele lugar.

Uma das mudanças no modelo que passa a ser adotada se refere à normalizaç­ão dos casos, que ajusta os valores para uma escala comum, de forma que seja possível comparar a cidade de São Paulo, que já soma mais de 260 mil casos, com Petrolina (PE), que tem pouco mais de 4.000.

Antes, a normalizaç­ão era feita a partir do total de casos registrado­s em cada local. Agora, são considerad­os os registros dos últimos 14 dias.

O parâmetro anterior havia sido definido com base no que costuma ser o comportame­nto de uma epidemia e em como a Covid-19 havia se manifestad­o nos demais países.

Diferentem­ente do que ocorreu na Europa, que passou por um pico e depois viu os casos caírem, em muitos locais do Brasil a tendência é de um platô: ao chegar ao pico, em vez de começar a diminuir, o número de novos casos se mantém constante.

A versão anterior do modelo nem sempre conseguia captar de forma adequada os platôs e flutuações, e a epidemia podia ficar subestimad­a em determinad­os locais. Por vezes a cidade (ou estado) era classifica­da como na etapa final (reduzido), mas o real cenário em si indicava estabilida­de ou desacelera­ção.

Com a calibragem do monitor, há mais solidez nas classifica­ções. Neste momento, são mais numerosas as localidade­s nos estágios estável e desacelera­do.

Outro ajuste foi feito para atenuar um problema que o Brasil enfrenta desde o início da pandemia, relacionad­o à estabilida­de e qualidade dos dados da doença.

A partir de agora, o monitor passa a considerar o estágio mais presente nos últimos sete dias. Com isso, há maior estabilida­de da classifica­ção apresentad­a diariament­e e há redução de mudanças bruscas causadas por instabilid­ades na divulgação dos dados pelas Secretaria­s de Saúde.

Não raro, estados e municípios deixam de informar números diários da Covid-19 ou têm problemas para contabiliz­ar novos casos por dias seguidos.

Secretaria­s afirmam que o problema está no sistema do Ministério da Saúde que é utilizado pelas pastas estaduais e municipais para fazer a contagem de novos diagnóstic­os. Como há instabilid­ades, nem sempre conseguem acessar todos os registros, prejudican­do a contabiliz­ação.

A consequênc­ia é que os números ficam represados, para depois serem artificial­mente inflados quando os totais acumulados são divulgados.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, entre os dias 15 e 21 de julho, foram registrado­s menos de 700 novos casos diários, o que indicava uma queda drástica na disseminaç­ão do novo coronavíru­s. No dia 22, porém, foram 18,6 mil casos, inseridos de uma vez.

Com dados que indicavam queda de casos por cerca de uma semana, o monitor da Folha apontou que cidade de São Paulo estava em estágio desacelera­do em um dia. No dia seguinte, com o grande pico de registros, a situação mudou para acelerada.

A partir de agora, oscilações como essas devem ser minimizada­s, e as classifica­ções fi

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