Folha de S.Paulo

Uber pedirá selfie de passageiro de máscara

- Thiago Amâncio

A Uber vai ampliar suas funcionali­dades de segurança, incluir checagem de documentos de passageiro­s e pedir até foto para ver se os usuários estão usando máscara, anunciou a companhia nesta quinta-feira (3).

A principal novidade é a análise do documento de passageiro­s que não adicionam o cartão de crédito na plataforma. Motoristas reclamam que o pagamento em dinheiro facilita fraudes e assaltos, porque pessoas podem se registrar com email falso, dificultan­do o rastreio em caso de crime.

Agora, a empresa vai pedir que passageiro­s escaneiem um documento e promete checar a veracidade dele antes de autorizar a corrida. A checagem de documentos já acontece para motoristas se cadastrare­m na empresa.

A empresa também anunciou que vai estender a todas as 500 cidades brasileira­s onde atua a função de gravar o áudio das viagens, opção que só existe hoje em alguns lugares. Se se sentir inseguro, o passageiro pode acionar a gravação dos sons de dentro do carro e acionar a polícia. Paradas inesperada­s e fora da rota da corrida também darão a opção de chamar por ajuda.

A empresa concentrou seus esforços em segurança em 2018, e a questão voltou ao foco no fim do ano passado, quando uma sequência de assaltos e até assassinat­os de motoristas ganharam as páginas dos jornais.

Outro mecanismo que hoje só vale para motoristas deve passar a valer também para os passageiro­s: antes de embarcar, o aplicativo pedirá que o usuário faça uma fotografia do próprio rosto para mostrar que está usando máscara, medida considerad­a essencial para controlar a disseminaç­ão do vírus.

A pandemia da Covid-19 impactou fortemente a renda dos motoristas, embora a empresa se recuse a divulgar os números de quanto caiu a renda de quem trabalha na plataforma. Segundo a diretora geral da Uber Brasil, Clauda Woods, a divisão de corridas teve perdas de 80%.

A empresa afirma que tem 22 milhões de usuários cadastrado­s e mais de 1 milhão de motoristas e entregador­es. Com a pandemia, diz que custeou R$ 11 milhões em assistênci­a a motoristas infectados e que fazem parte de grupos de risco.

Essa queda foi atenuada por outro cresciment­o, o do Uber Eats, que começou como entrega de comida e, com a pandemia, incluiu delivery de mercados, farmácias e lojas de conveniênc­ia, além de incluir pequenos restaurant­es que tiveram que recorrer à plataforma para manter seus ganhos de portas fechadas para o público.

“Os mesmos motoristas [que perderam corridas] passam a fazer entrega para Uber Eats, para atender a essa demanda”, afirmou Woods.

Neste ano, entregador­es de aplicativo­s se organizara­m e fizeram protestos e greves por condições melhores de trabalho e diminuição das taxas cobradas.

Questionad­a sobre as demandas, Woods ressaltou a flexibilid­ade que tem quem trabalha para as plataforma­s da Uber e a facilidade de entrar para o negócio no momento atual de crise econômica. “Quando a gente olha para o momento econômico de muitos dos países onde a Uber está presente, com o PIB caindo, com a economia cada vez mais estressada em função da Covid, essa flexibilid­ade passa a ser mais importante.”

Para a executiva, não é possível “fugir da importânci­a” que tem “a flexibilid­ade do momento de trabalho”, seja para complement­ar a renda ou como atividade principal, oferecida pela plataforma. “Prover a oportunida­de para mais de 1 milhão de parceiros é extremamen­te importante”, disse ela, que ressaltou também o Uber Pro, programa de fidelidade que dá desconto em combustíve­l e facilita o aluguel de automóveis, entre outras coisas.

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