Folha de S.Paulo

A mulher do mar e como ela é representa­da por grandes marcas

- Marcela Lima origemsurf.folha.uol.com.br

Uma coisa que me incomoda muito nas campanhas publicitár­ias das grandes marcas de surfe feminino (marcas das quais eu sou cliente, por sinal) é que a imagem da mulher surfista é quase sempre a mesma: jovem, magra, loira, cabelo liso ou ondulado e pele bronzeada.

Se você não reparou ou duvida de mim, vai lá e faz o teste. Entra no Instagram das três gigantes (que não vou citar aqui, mas você que surfa, sabe quais são), e me diz se as primeiras fotos não confirmam o que eu estou falando.

Antes de começar a escrever esse post, eu fiz isso também. E o que vi foi exatamente o padrão que acabei de descrever. Não significa que essas marcas não postem mulheres com outros corpos, tons de cabelo e pele. Até postam, mas a proporção é tipo uma para um ‘zilhão’. Para cada foto de menina negra nos perfis de marcas como essas que eu mencionei, existe uma gigantesca quantidade de outras fotos de meninas brancas e loiras.

E sabe qual é o problema disso? Na real, existem muitos problemas. Mas vou focar na mensagem que passa para muitas mulheres: “Esse esporte não é para você.” Eu mesma pensei isso, anos atrás. E gente, eu me considero super dentro do padrão. Sou uma mulher magra, baixinha, bronzeada (no verão rs) e com cabelos ondulados. Para você ver que esse tipo de valorizaçã­o de um único padrão pode causar um impacto negativo e limitante em qualquer uma de nós.

Dentro ou fora do padrão, que essas marcas consideram o ideal de beleza, todas temos nossas inseguranç­as quanto à aparência. Umas mais, outras menos. Nós, surfistas, mulheres, meninas, somos muitas. Somos gordas, magras, jovens, idosas, loiras, morenas, negras, com deficiênci­a física ou não. Enfim, somos plurais. Evamos gostar de compraras peças de vocês ainda mais se nos virmos representa­das de forma igual.

Meninas e mulheres que estão há um tempo nessa caminhada rumo à conquista da autoestima estão puxando outras para esse movimento. Eu fui puxada, esto ume fortalecen­do acada dia e quero puxar outras também. E assim a gente vai mudando essa realidade injusta e desequilib­rada.

Você não precisa ter um corpo X para usar um biquíni. O mesmo vale para o surf. Você pode subir em cima de uma prancha e deslizar numa onda. Você pode ser uma sereia do jeito que você é.

Às marcas que entenderam apegada e estão buscando produzir um conteúdo mais plural e inclusivo, meus parabéns! Esseéo caminho.

Às musas maravilhos­as que estão aí, desafiando esse padrão tão restrito e mostrando que o surf pode ser para todas, entre elas @surfistasn­egras; @tpmtodaspa­raomar e @curvysurfe­rgirl meus PARABÉNS, com caixa alta mesmo, porque é por causa de mulheres como vocês que o mar está cada dia mais florido.

Para cada foto de menina negra nos perfis de marcas de produtos para surfistas mulheres, existe uma gigantesca quantidade de outras fotos de meninas brancas e loiras

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As surfistas Mimi Miller 1 , em foto publicada pelo perfil @surfistasn­egras e Elizabeth Sneed 2 , do @curvysurfe­rgirl (algo como garotas surfistas com curvas); abaixo, post publicado no Instagram da marca Rip Curl 3 , que tem linha de vestuário voltada para mulheres
Fotos Reprodução/Instagram 1 As surfistas Mimi Miller 1 , em foto publicada pelo perfil @surfistasn­egras e Elizabeth Sneed 2 , do @curvysurfe­rgirl (algo como garotas surfistas com curvas); abaixo, post publicado no Instagram da marca Rip Curl 3 , que tem linha de vestuário voltada para mulheres
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