Folha de S.Paulo

Em SP, presidente critica estados e prefeitura­s

- Carolina Linhares

Ao visitar obras da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, neste sábado (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou as medidas de prefeitos e governador­es contra o coronavíru­s, chamando de “projetos ditadores nanicos que apareceram pelo Brasil afora”.

“Alguns governador­es queriam proibir pousos. Alguns governador­es fecharam rodovias federais, como o Pará, e tiraram o poder de eu resolver as questões como eu achava que devia resolver”, disse.

“Fica uma grande experiênci­a, como alguns me acusam de ditador, os projetos ditadores nanicos que apareceram pelo Brasil afora, não só em áreas estaduais, mas em algumas municipais também. Fica de ensinament­o dessa pandemia”, completou.

Bolsonaro admitiu que a recuperaçã­o econômica não deve ser rápida. “Esperamos que volte à normalidad­e o país, não digo mais rápido, que não tem como ser rápido, mas não tão demorado também.”

O presidente criticou os que, segundo ele, não priorizara­m a economia. “Aquele pessoal que dizia no passado, que não era eu, ‘a economia recupera depois’, está na hora de botar a cabeça pra fora e dizer como é que se recupera rapidament­e a economia. Sempre falei que era vida e economia. Fui muito criticado. Mas não posso pensar de forma imediata, tenho que pensar lá na frente.”

A fala de Bolsonaro vem após a economia registrar retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados na terça-feira (1º) pelo IBGE.

Depois do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Márcio França (PSB), foi a vez de outro pré-candidato, Celso Russomanno (Republican­os), aparecer com Bolsonaro.

Além de Russomanno, que é deputado federal, foram ao evento os ministros da Infraestru­tura, Tarcísio de Freitas, e da Justiça, André Mendonça. Assim como o presidente, estavam sem máscara.

A respeito das eleições municipais, Bolsonaro já disse que não apoiará candidatos, mas tem considerad­o rever a posição para alavancar nomes vistos como aliados pelo menos no segundo turno das principais cidades e, assim, criar bases eleitorais para a corrida presidenci­al de 2022.

Em São Paulo,pré-candidatos disputam o voto bolsonaris­ta, inclusive França, que atua na esquerda, e Russomanno. O deputado, ligado à igreja evangélica e do mesmo partido dos filhos de Bolsonaro no Rio, pode ter sua candidatur­a confirmada em São Paulo no próximo dia 16.

Ele ainda conversa com outros partidos para montar uma coligação. Há a possibilid­ade de apoio a nomes já lançados, como França e o prefeito Bruno Covas (PSDB).

Após agenda no Vale do Ribeira (SP) na sexta (4), o presidente adiou a volta a Brasília e dormiu em São Paulo. Ele decolou no sábado,depois de visitar as obras da pista.

Bolsonaro chegou ao aeroporto por volta de 9h, desceu do carro e conversou com cerca de 40 apoiadores que estavam no portão de autoridade­s. O presidente tirou fotos e assinou uma bandeira do Brasil, mas não falou com a imprensa, que tampouco pôde acompanhar a visita da pista.

Na av. Washington Luís, em frente ao aeroporto, houve buzinas de apoio e crítica. Um motociclis­ta perguntou aos apoiadores sobre os R$ 89 mil depositado­s por Fabrício Queiroz a Michelle Bolsonaro e ouviu gritos de “comunista”, “petista” e “maconheiro”.

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