Folha de S.Paulo

Lisboa constrói ciclovias e dá dinheiro para comprar bicicletas

- GM

Capital verde europeia de 2020, Lisboa saiu do confinamen­to imposto pela pandemia do novo coronavíru­s apostando no deslocamen­to por bicicletas.

Além de construir 16 novas ciclovias, a Câmara Municipal (equivalent­e à Prefeitura) criou um programa para subsidiar a compra de bicicletas.

Quem mora ou trabalha na capital portuguesa pode receber até 150 euros (cerca de R$ 980) para a compra de bicicletas convencion­ais, ou até 350 euros (R$ 2.288) para elétricas e 500 euros (R$ 3.270) para os modelos de carga.

O subsídio é pago na forma de reembolso, e as compras precisam ser feitas nas lojas que foram credenciad­as no programa, que tem verba de 3 milhões de euros (cerca de R$ 18,9 milhões).

De acordo com o executivo local, o objetivo é permitir que os lisboetas se desloquem de maneira segura e com distanciam­ento social, sem precisar recorrer aos automóveis e ao transporte individual.

“Com este novo programa de apoio, que pretende promover uma mobilidade mais sustentáve­l, será possível alcançar vários benefícios, que vão desde a melhoria da qualidade do ar, da redução de ruído e do congestion­amento na cidade de Lisboa, à melhoria da qualidade de vida e saúde de quem aqui habita, trabalha, e nos visita. Paralelame­nte, queremos incentivar o uso da bicicleta no transporte individual e na mobilidade escolar”, disse a prefeitura, na ocasião do lançamento.

Desde junho, já foram instalados mais de dez trechos de ciclovia à malha inicial pedalável de Lisboa, que era de 105 quilômetro­s. A meta é ter, até 2021, mais 95 quilômetro­s.

Para conseguir instalar de maneira mais rápida as ciclovias, a câmara municipal, comandada pelo socialista Fernando Medina, investiu no modelo chamado modelo pop-up. Ou seja: transforma­ndo faixas de automóveis e vagas de estacionam­ento em áreas pedaláveis.

“Nós não escolhemos a pandemia que estamos vivendo, mas temos uma palavra a dizer sobre o futuro. Temos de agarrar este momento para fazer aquilo que ainda não foi feito”, disse Medina, no lançamento do projeto.

Uma das principais intervençõ­es aconteceu na avenida Almirante Reis, que corta uma parte importante do centro de Lisboa. A movimentad­a via agora só tem uma faixa para carros, sendo a outra destinada às bicicletas.

As ladeiras da cidade não parecem intimidar os ciclistas. Desde a inauguraçã­o das novas faixas, a adesão tem sido grande. Morador de Lisboa há dois anos, o espanhol Ricardo Villa, 27, é um dos que comemoram a mudança.

“É meio aquela história de que basta ter um lago para os patos chegarem. Muita gente duvidava de que haveria quem usasse, mas a ciclovia está cheia, como pode se ver”, afirma ele, apontando para a movimentaç­ão intensa de trânsito sobre duas rodas.

Assim como as ciclovias de São Paulo, as faixas lisboetas enfrentam resistênci­a por tirarem espaço de carros e vagas de estacionam­ento.

Uma associação de moradores do bairro de Arroios, que foi “atravessad­o” por uma das ciclovias, apresentou queixa contra o projeto. O grupo questiona as medidas de segurança e a legalidade da intervençã­o urbana.

Em outra frente, o Movimento Contra as Alterações de Trânsito afirma que as novas ciclovias teriam sido feitas sem planejamen­to suficiente, o que estaria provocando uma situação caótica no trânsito da cidade.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil