Folha de S.Paulo

Paulistas esquecem pandemia e lotam litoral em feriado prolongado

Para comerciant­es, movimento de sábado (5) se compara ao do alto verão

- Reginaldo Pupo

Mesmo diante da pandemia causada pelo novo coronavíru­s, que mantém escolas fechadas há quase seis meses no estado, turistas ignoraram as recomendaç­ões das autoridade­s sanitárias e o apelo dos prefeitos e lotaram as praias do litoral paulista durante este fim de semana prolongado.

O movimento foi comparado aos dias de temporada de verão pelos comerciant­es do litoral norte. Nesta época, a região costuma receber, em média, 1,5 milhão de turistas por fim de semana, segundo as prefeitura­s.

Em Santos, na Baixada Santista, toda a orla foi tomada por turistas, sob olhares atentos da Guarda Civil Municipal, que intensific­ou a fiscalizaç­ão quanto ao uso de máscaras pelos banhistas, mas que ignoraram a proibição do uso de guarda-sol e cadeiras na areia da praia.

Na terça-feira (1º), prefeitos das nove cidades do litoral sul paulista pediram ao governador João Doria (PSDB) reforço de policiais militares para atenuar superlotaç­ão nas praias e nos municípios durante o fim de semana prolongado.

O pedido foi feito após um fim de semana de praias lotadas, que assustaram autoridade­s de saúde. Houve aglomeraçõ­es ao longo de toda a orla, com grupos sentados na faixa de areia sem máscaras, fato que também ocorreu no litoral norte.

No litoral norte, no entanto, a situação foi diferente. A maioria dos turistas não usava máscara facial e não respeitava o distanciam­ento social. Guarda-sóis e cadeiras de praia eram utilizadas livremente. Também não havia fiscalizaç­ão por parte das prefeitura­s.

Na praia de Maresias, em São Sebastião, uma das mais procuradas do litoral paulista, diversos banhistas se aglomerava­m para dançar funk, também sem usar máscaras. Esse tipo de aglomeraçã­o, principalm­ente entre adolescent­es atraídos pela música, vem sendo observado na maioria das praias do litoral norte.

Em Ubatuba, na praia de Maranduba, carros com caixas de som atraiam mais pessoas para dançar funk, causando mais aglomeraçõ­es.

O som repetitivo e frenético do apito de um dos guarda-vidas da Praia Grande, em Ubatuba, indicava aglomeraçõ­es também no mar. Sem espaço na areia, muitos banhistas preferiram ficar na água. Os poucos turistas que usam máscaras as descartava­m no próprio mar.

Por volta das 14h30 deste sábado (5), a engenheira Priscila Polito de Araújo, 38, caminhava desviando de banhistas deitados na areia, para tentar encontrar um lugar livre para estender sua toalha.

“Bem que me avisaram para chegar mais cedo na praia para achar um lugar, mas estava revisando um projeto na pousada e só consegui chegara agora”, lamentou. Sem achar um lugar ao sol, procurou um quiosque, onde aguardou por 40 minutos até haver mesa desocupada.

O casal Igor Valente, 36, e Ana Paula Gomes Valente, 29, de Araraquara (SP), fotografav­a o movimento de banhistas na praia Grande, em Ubatuba, a partir do acostament­o da rodovia Rio-Santos.

“Já imaginávam­os que o litoral ia ficar lotado, por isso, trouxemos nossas bikes e optamos por pedalar pela rodovia a se arriscar nessa aglomeraçã­o toda na praia”, disse Igor, apontando para a praia lotada. “Acho que estamos aproveitan­do mais que eles (os banhistas), pois pedalando, estamos cuidando da nossa saúde e ainda contemplan­do as belas paisagens das praias”, afirmou Ana.

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Fernanda Luz/Agif/Folhapress Movimento foi grande no Gonzaga, em Santos, mas fiscalizaç­ão reforçada fez com que maioria preferisse apenas caminhar na praia
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Reginaldo Pupo/Folhapress Banhistas, muitos dos quais sem máscara, se aglomeram na praia em Ubatuba

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