Folha de S.Paulo

Abelhas aprendem a calcular probabilid­ade

Em experiment­o, insetos otimizaram coleta de alimento visitando flores artificiai­s conforme chance de recompensa

- Everton Lopes Batista

Abelhas conseguem otimizar acoleta de alimento ao aprendera probabilid­ade que elas têm de retirar recursos de plantas com diferentes caracterís­ticas, de acordo com um estudo publicado no periódico científico Proceeding­s of the Royal Society B no dia 2.

Para realizar o experiment­o, cientistas da Universida­de de Sheffield, no Reino Unido, e da Universida­de Macqu arie, da Austrália, treinaram a sabelhas emu mambi ente com estações de cinco diferente scores de onde era possível retirar uma recompensa( água com açúcar) ou uma punição (substância amarga) em proporções que variavam de acordo com acor.

Para cada cor dessas “flores artificiai­s” havia uma probabilid­ade diferente e gradativa para obter recompensa ou castigo, variando de 0 a 100%.

Essa probabilid­ade era fixa, então, por exemplo, acor verde oferecia recompensa 100% das vezes que a abelha a procurava; já acor laranja oferecia a água doce 66% das vezes, e assim por diante até acor azul, que não oferecia recompensa em nenhuma ocasião, só a punição. Isso foi necessário para reforçar os ensinament­os que os cientistas queriam passar para os insetos.

Os cientistas tomaram o cuidado de incluir no experiment­o somente cores que, segundo estudos anteriores, poderiam ser reconhecid­as e diferencia­das pelas abelhas.

Após o treinament­o, os pesquisado­res fizeram diversos testes de aprendizad­o com as mesmas abelhas, mas sem que recebessem a punição.

Nos testes, havia estações de apenas duas das cinco cores em diferentes combinaçõe­s.

“É um problema difícil porque cada cor oferecia tanto a recompensa quanto a punição durante o treinament­o, e as probabilid­ades de receber uma recompensa eram diferentes. Mas é um teste importante para estudar como as abelhas lidam com informaçõe­s conflitant­es e quão rapidament­e elas conseguem aprender probabilid­ade”, diz Andrew Barron, biólogo da Universida­de Macquarie e um dos autores do artigo.

Os cientistas observaram que em vez de procurarem apenas acor com maior probabilid­ade de oferecera recompensa, os insetos exploraram cada cor de acordo coma probabilid­ade de tirar uma recompensa dali.

Em um dos testes, os pesquisado­res combinaram as cores que ofereciam probabilid­ade de recompensa de 66% e 33%; esse seria o teste mais complicado para as abelhas. Mas, baseadas no aprendizad­o que tiveram, elas distribuír­am proporcion­almente as visitas para cada cor de acordo com as chances de retirar alimento. Os insetos fizeram uma correspond­ência entre probabilid­ade de recompensa com proporção de visitas, segundo os autores do artigo.

“As abelhas aprendem incrivelme­nte rápido! Mais rápido do que ratos em tarefas semelhante­s. E elas são capazes de estimar probabilid­ade com uma precisão impression­ante”, afirma Barron, que estuda mecanismos neurais do comportame­nto animal. Agora, o grupo deve passara estudar como um animal com um cérebro tão pequeno consegue aprender rapidament­e e fazer escolhas tão cuidadosas, conta o cientista.

“Com esses animais podemos aprender princípios-chave de como os cérebros produzem comportame­nto e resolvem problemas e aplicar esses princípios a cérebros mais complexos, como os nossos.”

Para Barron, os resultados do experiment­o podem vir ater aplicações diretas em desenvolvi­mentos de robótica e inteligênc­ia artificial. “As abelhas resolvem problemas complexos autonomame­nte e usando uma fração do poder de computação que usamos atualmente nas inteligênc­ias artificiai­s”, afirma.

“Acredito que com os estudos sobre as abelhas poderemos criar robôs mais eficientes no futuro.”

As abelhas aprendem incrivelme­nte rápido! Mais rápido do que ratos em tarefas semelhante­s. E elas são capazes de estimar probabilid­ade com uma precisão impression­ante

Andrew Barron biólogo da Universida­de Macquarie e coautor do estudo

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