Folha de S.Paulo

Poupança tem menor captação desde o início da pandemia

Com flexibiliz­ação do distanciam­ento, população consome e saca mais recursos; em abril, saldo fora recorde

- Larissa Garcia

Os depósitos em caderneta poupança superaram os saques em R$ 11,4 bilhões em agosto, segundo dados divulgados na sextafeira (4) pelo Banco Central.

Esse é o menor valor desde a chegada do novo coronavíru­s ao Brasil, em março.

Desde o início da crise sanitária, a caderneta tem registrado valores elevados em captação líquida (diferença entre depósitos e saques), na comparação com o restante da série.

Benefícios do governo, como saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e o auxílio emergencia­l, podem explicar o movimento de alta nos depósitos durante a pandemia, já que são pagos por meio de conta-poupança digitais da Caixa Econômica Federal.

Em agosto, o número caiu quase 60% em relação a julho. O resultado, entretanto, ainda está em patamar superior ao observado no mês em outros anos. No mesmo período de 2019, a captação líquida foi de R$ 1,3 bilhão, e, em 2018, de R$ 5,8 bilhões.

No ápice da crise, em abril, a poupança bateu recorde, com captação de R$ 30,4 bilhões. O resultado foi superado em maio, com R$ 37,2 bilhões, o maior da série histórica até agora, iniciada em janeiro de 1995.

Em junho, a diferença entre depósitos e saques foi de R$ 20,5 bilhões, e, em julho, de R$ 28,1 bilhões, níveis ainda elevados na comparação com os outros anos.

O saldo total aplicado na modalidade é de R$ 986 bilhões em agosto, o maior da série.

Os brasileiro­s depositara­m R$ 284 bilhões na poupança, pouco menos do que o registrado no mês anterior, de R$ 294 bilhões (o maior da série).

Além do menor valor em depósitos, com a flexibiliz­ação do distanciam­ento social e a reabertura dos comércios, as pessoas voltaram a consumir e, por isso, sacaram mais recursos da poupança, o que também contribuiu para a queda da captação líquida.

No mês, os brasileiro­s retiraram R$ 272 bilhões da poupança, maior volume da série.

A poupança rende a Taxa Referencia­l (TR), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 2% ao ano.

A regra prevê que, quando a taxa básica de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será 0,50% ao mês, mais TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimen­to é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR.

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