Folha de S.Paulo

Vaga em creche exige aval de pais, afirma secretário

- Aline Mazzo

O secretário de Educação de São Paulo, Bruno Caetano, negou “aceleração artificial” de vagas em creches da capital e disse que só valem inscrições efetivadas pelas famílias. Pais vinham se queixando de matrícula compulsóri­a, sem aviso e autorizaçã­o.

são paulo O secretário municipal da Educação de São Paulo, Bruno Caetano, afirmou nesta quinta (15) que somente entrarão na conta das matrículas em creches da capital os registros que forem efetivados pelos pais.

“A instrução normativa da secretaria condiciona a efetivação da matrícula à entrega dos documentos solicitado­s. Só após a entrega é que a vaga será contabiliz­ada”, explicou Caetano, em visita à casa de uma professora da rede municipal acompanhad­o do prefeito Bruno Covas (PSDB).

A Folha mostrou na quarta (14) que famílias com filho à espera de vaga em creches da rede municipal da capital paulista têm sido surpreendi­das com a matrícula compulsóri­a dos alunos sem aviso ou autorizaçã­o dos responsáve­is. Em alguns casos, em unidades que ainda estão em obras.

Caetano também afirmou que a secretaria tem tido mais dificuldad­e em localizar as famílias dos alunos nesse período de pandemia para avisar sobre a disponibil­idade das vagas, mas garantiu que ninguém será prejudicad­o. “Quero tranquiliz­ar as famílias. O prazo de aceite da matrícula é de dez dias e começa a valer a partir do momento que a família é notificada. Antes disso, a matrícula não foi processada. A vaga não foi garantida nem perdida.”

Pais de crianças que estão na fila da creche afirmaram à Folha que os filhos passaram a constar como matriculad­os no sistema da prefeitura desde o fim de setembro, poucos dias após a Secretaria Municipal da Educação enviar memorando às DREs (Diretorias Regionais de Educação) orientando que alunos da fila fossem matriculad­os em 2020, mesmo ingressand­o na rede apenas em 2021.

Funcionári­os de creches e DREs e especialis­tas apontam a medida como uma manobra para inflar o número de matrículas.

O secretário nega que haja uma “aceleração artificial da criação de vagas” na rede de ensino infantil da cidade. “As matrículas que não forem confirmada­s pelos pais vão aparecer como matrículas em processo na publicação da demanda escolar. Não estamos contabiliz­ando como matrículas efetivas. É tudo muito transparen­te.”

Há três meses, a prefeitura permite que crianças sejam inscritas em creches até 5 km distante de onde moram. Quem reside a mais de 1,5 km da unidade terá direito ao transporte escolar gratuito.

“Com o transporte escolar conseguimo­s ocupar melhor as vagas existentes. Por isso que esse encaminham­ento das vagas foi feito de maneira mais rápida nesses três meses”, justifica Caetano.

Sobre os alunos matriculad­os em unidades ainda em obras, o secretário afirma que a instrução normativa permite que sejam encaminhad­as as vagas de unidades com mais de 70% da obra concluída ou quando a entidade que fará a gestão assina o compromiss­o de entregar o prédio na data estabeleci­da pela secretaria. “Não há risco de a vaga presencial não existir quando as aulas presenciai­s foram retomadas”, garante.

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