Pressionados, Santos e Robinho anunciam suspensão de contrato
Patrocinadores ameaçaram romper com o clube após site revelar detalhes de acusação por violência sexual
O contrato entre Santos e Robinho, para uma quarta passagem do atacante pelo clube, foi suspenso no início da noite de ontem após intensa pressão de patrocinadores e de torcedores.
A insatisfação com a vinda do jogador —condenado em primeira instância na Itália por violência sexual de grupo, em 2017— cresceu com a revelação ontem, pelo site ge.globo, de gravações de conversas suas com amigos, tidas como fundamentais para a condenação.
A notícia levou ao menos quatro patrocinadores a exigirem desistência do acerto.
Não há informações sobre tempo de suspensão do contrato ou em quais circunstâncias ele eventualmente poderia ser retomado.
Robinho nega que tenha cometido o crime, contra uma mulher de 23 anos à época, e recorre em segunda instância.
são paulo O contrato entre Santos e Robinho, 36, para uma quarta passagem do atacante pelo clube, anunciado no último sábado (10), foi suspenso no começo da noite desta sexta-feira (16), após intensa pressão de patrocinadores e torcedores.
A insatisfação com a contratação do atleta, condenado em primeira instância na Itália por violência sexual de grupo, em 2017, cresceu nesta sexta com a revelação pelo site ge.globo, do Grupo Globo, de gravações de conversas do atleta com amigos, tidas como fundamentais para a sua condenação. Ele nega que tenha cometido o crime e recorre em segunda instância da condenação.
Após a divulgação das conversas, ao menos quatro patrocinadores do Santos exigiram a desistência do acerto com o jogador para manterem seus contratos.
Praticamente ao mesmo tempo, clube e jogador anunciaram a suspensão do contrato nas redes sociais.
“O Santos Futebol Clube e o atleta Robinho informam que, em comum acordo, resolveram suspender a validade do contrato firmado no último dia 10 de outubro para que o jogador possa se concentrar exclusivamente na sua defesa no processo que corre na Itália”, escreveu a agremiação em sua nota.
“Com muita tristeza no coração, venho falar para vocês que tomei a decisão junto do presidente de suspender meu contrato neste momento conturbado da minha vida. Meu objetivo sempre foi ajudar o Santos Futebol Clube. Se de alguma forma estou atrapalhando, é melhor que eu saia e foque nas minhas coisas pessoais. Para os torcedores do Peixão e aqueles que gostam de mim, vou provar minha inocência”, afirmou Robinho no vídeo publicado.
Não há informações sobre tempo de suspensão do acordo ou em que circunstâncias ele poderia ser retomado.
Para ser efetivada, a contratação precisaria passar por aprovação, na próxima quarta-feira (21), do conselho deliberativo do clube, mas a pressão se tornou insustentável já nesta sexta, com as revelações pela Globo das gravações das conversas do atleta.
Segundo a acusação do Ministério Público italiano, Robinho e outros cinco homens embebedaram uma jovem albanesa, então com 23 anos, em uma discoteca em Milão, em janeiro de 2013, quando o atacante jogava no Milan (ITA). Ela ficou inconsciente e foi levada para a chapelaria do estabelecimento, onde foi violentada múltiplas vezes.
A acusação foi baseada no depoimento da vítima e em conversas interceptadas do grupo de amigos sobre o ocorrido. As interceptações foram iniciadas em janeiro de 2014, em telefones grampeados e escutas instaladas no carro usado por Robinho.
De acordo com uma das transcrições, o atacante foi avisado da investigação pelo músico Jairo Chagas, que tocou na boate na noite em que teria ocorrido o estupro.
Em uma das escutas, segundo as transcrições apresentadas à Justiça italiana, ele disse: “Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu”.
“Olha, os caras estão na merda... Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (nome de amigo) e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu... Lembro que os caras que pegaram ela foram (nome de amigo) e (nome de amigo) [...] Eram cinco em cima dela”, completou.
Numa outra conversa, o músico pergunta a Robinho se ele não transou com a mulher. O jogador nega, e Chagas diz: “Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela”. O atacante responde que “isso não significa transar”.
No seu depoimento à Justiça, a mulher afirma que não tinha condições de falar ou de ficar em pé naquela noite e aponta Robinho como um dos envolvidos na violência.
Para a Justiça italiana, o conteúdo das interceptações mostrou que o jogador e os demais acusados sabiam que a vítima estava alcoolizada e incapaz de reagir ao assédio.
Em primeira instância, o atacante e seu amigo Ricardo Falco foram condenados a nove anos de prisão e pagamento indenização de 60 mil euros —os outros acusados foram considerados incontactáveis, e o processo foi suspenso para eles.
Após a revelação das declarações presentes no processo, as patrocinadoras do Santos Philco, Kicaldo, Tekbond e Casa de Apostas deram um ultimato à diretoria do clube. Ou o Santos desistia da contratação, ou elas deixariam de apoiar a equipe.
“Sempre mantivemos forte parceria com o time [Santos] e seus torcedores, porém neste momento exigimos a rescisão imediata com o atleta. Caso contrário, a Philco irá revogar o contrato, pois a situação não compactua com os valores da marca”, escreveu a empresa de equipamentos eletrônicos nas redes sociais, em nota de tom semelhante às demais marcas.
Outras patrocinadoras, como Foxlux, Umbro e Kodilar, manifestaram preocupação com o caso e avaliavam a decisão que tomariam.
Na quarta-feira (14), antes mesmo da divulgação das falas que levaram à condenação do jogador, a Orthopride, rede de franquias de ortodontia e estética, anunciou a rescisão de seu contrato de patrocínio com o clube, iniciado em 2018 e no valor de R$ 2 milhões, por causa da contratação de Robinho.