Folha de S.Paulo

Em Florianópo­lis, nome une esquerda contra atual prefeito e ex-mandatária

Na capital catarinens­e também concorre o vereador do PL que teve a maior votação no pleito de 2016

- Patricia Pamplona

FLORIANÓPO­LIS A eleição de 2020 para a Prefeitura de Florianópo­lis tem, na realidade, duas disputas. Uma para tentar tirar o favoritism­o do atual prefeito, Gean Loureiro (DEM), que busca a reeleição, e outra para a vaga em eventual segundo turno.

Alvo de um processo de impeachmen­t, o governador comandante Carlos Moisés (PSL) não se pronunciou sobre qual candidato deve apoiar, enquanto nenhum dos postulante­s citou até o momento que pretende contar com o apoio do governador.

Entre os dez candidatos da disputa, três nomes devem ganhar projeção. São a ex-prefeita Angela Amin (PP), com umas das mais bem avaliadas gestões da capital catarinens­e, Pedro Silvestre, o Pedrão (PL), vereador que conquistou maior votação para o cargo no estado em 2016, e o professor Elson Pereira (PSOL), que conseguiu reunir a esquerda em chapa única, algo que não ocorria desde 1996.

A chapa PSOL-PT catarinens­e, que une outros cinco partidos, repete a união da esquerda vista para a disputa da Prefeitura de Belém.

Aos 57 anos, professor Elson entrou para o PSOL em 2009 e já concorreu duas vezes ao comando da capital catarinens­e pelo partido, em 2012 (4º lugar) e 2016 (3º lugar).

Sem experiênci­a em cargos legislativ­os, o professor de engenharia civil da UFSC (Universida­de Federal de Santa

Catarina) chegou a disputar a eleição para deputado estadual em 2014 e 2018, sem conseguir se eleger.

Pedrão, vereador de 33 anos, é o que dá ares novos à disputa —Angela, Gean e Elson protagoniz­aram a eleição municipal há quatro anos.

Eleito pela primeira vez em 2012, Pedrão entendeu a potência das redes sociais, sua ferramenta de comunicaçã­o com a população, o que explica em parte sua votação recorde em 2016.

Neste ano, porém, ele não é estrela solitária nas plataforma­s e tem pouco tempo no horário eleitoral para tentar fazer subir seus 9% de preferênci­a, segundo pesquisa do Ibope divulgada na segundafei­ra (5). Apesar de baixo, o percentual o coloca na terceira posição entre os preferidos.

Numa configuraç­ão um tanto peculiar do cenário florianopo­litano, Elson e Pedrão acabam disputando votos da centro-esquerda, muito por causa da atuação do segundo como vereador, focada em proposiçõe­s de mobilidade e transparên­cia.

As pesquisas na capital catarinens­e, porém, não costumam conseguir medir o voto da esquerda. Num dos primeiros levantamen­tos de 2016, Elson apareceu em terceiro, com 10% da preferênci­a, seguido por Angela Albino (PC do B), com 5%. Nas urnas, ele quase tirou Angela Amin do segundo turno e acabou com 21% dos votos, apenas quatro pontos percentuai­s atrás da adversária (25%).

A pepista, aliás, tenta liderar novamente a prefeitura da capital catarinens­e. Aos 66 anos, ela comandou Florianópo­lis de 1997 a 2004. Hoje no quarto mandato como deputada federal por Santa Catarina, ela lidera coligação impensável até recentemen­te. Apoiador de Lula no estado no segundo turno de 2002, o PP forma chapa com o tucano João Batista, vice-prefeito de Gean.

O partido também foi rival histórico do MDB, tanto pelo comando da capital como do estado. Marido de Angela, Espiridião disputou o cargo de governador com o então peemedebis­ta Luiz Henrique da Silveira em 2002 e 2006 —e perdeu nas duas ocasiões.

Angela amargou ainda derrota para Gean, então candidato a prefeitura pelo PMDB em 2016, em segundo turno. Hoje, enfraqueci­do no estado, o partido integra a chapa de Angela, que possui maior tempo de televisão entre os candidatos.

Com 15% das intenções de voto, segundo o Ibope, ela está tecnicamen­te empatada com Pedrão e Elson, pois a margem de erro do levantamen­to é de quatro pontos percentuai­s.

A forte ligação de Angela com a capital é outro ponto que a favorece. Sua gestão sempre foi muito bem avaliada, tendo sida eleita a melhor administra­ção municipal por seis vezes em levantamen­to do Datafolha. Ela foi também a única candidata à prefeitura de Florianópo­lis a se eleger no primeiro turno, em 2000, desde que existe a disputa em segundo turno.

E mesmo que a ex-prefeita tenha protagoniz­ado um duelo apertadíss­imo em 2016, em que ficou com 49,74% dos votos no segundo turno (diferença de 1.153 votos), pesam contra ela a excelente avaliação de Gean e o fato de os eleitores da capital terem o costume de reeleger o prefeito.

Com 44% da preferênci­a do eleitorado segundo o Ibope, uma largada que se aproxima apenas à de Angela em 2000, o prefeito capitaliza em cima de uma gestão com avaliação de 58% de ótimo ou bom, segundo o Ibope.

Além do destaque positivo durante a pandemia, em que contrariou o governo do estado e fechou a cidade ainda no início de março, Gean se destaca por obras como o alargament­o da faixa de areia em Canasvieir­as, que saltou de 5 metros para 35 metros, e outras no centro da cidade.

O que não se vê na disputa da capital catarinens­e, entretanto, é uma atuação forte do bolsonaris­mo.

Discretame­nte, o PSL apoia Angela, mas o governador do estado, Carlos Moisés, alvo de processo de impeachmen­t, é invisível na corrida –o chefe do governo de Santa Catarina, aliás, não tende a ser bom cabo eleitoral, por um sentimento na cidade de que o estado não faz o suficiente por sua capital.

Dois candidatos buscam esse voto da onda conservado­ra na cidade que elegeu Jair Bolsonaro com 65% dos votos em 2018.

Pelo Patriota, Hélio Barros tenta deslanchar sua candidatur­a, mas não é conhecido pela militância do presidente. Disputa com ele Alexander Brasil (PRTB), que era do movimento Vem pra Rua. Ambos têm 1% das intenções de voto cada na última pesquisa Ibope.

Entre os outros candidatos estão ainda Gabriela Santetti (PSTU), professora de história, candidata a prefeita e a deputada federal pelo PSTU nas últimas eleições, de 2016 e 2018; Ricardo Vieira (Solidaried­ade), médico de família, foi vereador em Florianópo­lis entre 2008 e 2016; Jair Fernandes (PCO), carpinteir­o, concorre em uma eleição pela primeira vez; Orlando Silva (Novo), professor de direito empresaria­l na UFSC, também disputa um pleito pela primeira vez.

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@professore­lson50 no Facebook Gean Loureiro (DEM), Angela Amin (PP) e Elson Pereira (PSOL), que disputam a prefeitura
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@geanprefei­to no Facebook
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Carlos Kilian/Divulgaçao

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