Folha de S.Paulo

Consumidor­es temem fraude e sequestro-relâmpago com Pix

- Isabela Bolzani

são paulo Menos de 15 dias após a abertura para o registro de chaves, o Pix já contabiliz­a mais de 39 milhões de cadastros. Muitos consumidor­es, porém, ainda se mostram receosos em relação ao novo sistema de pagamentos instantâne­os do Banco Central.

Dúvidas sobre a segurança surgiram nos últimos dias, à medida que os pedidos para cadastro no Pix apareceram em aplicativo­s de instituiçõ­es financeira­s e de pagamento.

“O que me assusta é a impressão de que meus dados não estão seguros o suficiente. O Pix pode facilitar para o bem, mas e se facilitar para o mal também?” diz a estudante Marina Schuleze Lima, 24.

Segundo o BC, as transações do Pix serão criptograf­adas e feitas por meio de uma rede protegida e separada da internet. O sistema permitirá transações 24 horas por dia, sete dias por semana, de maneira gratuita e imediata.

Hoje, quando alguém faz uma transferên­cia bancária, precisa de nome, CPF ou CNPJ, número da conta e agência do recebedor. No novo sistema, será preciso informar apenas os dados da chave, que podem ser um desses quatro: CPF, celular, email ou EVP (chave aleatória gerada pelo BC).

Nenhuma das chaves Pix serve para saques ou retiradas.

Especialis­tas ouvidos pela Folha dizem que, apesar de existir a possibilid­ade de que alguns funcioname­ntos ainda precisem de correção, o novo sistema já deve começar preparado para mitigar riscos.

“É normal que alguns problemas surjam e a roda seja consertada com o carro andando”, afirma o analista da Kaspersky Fábio Assolini.

Na prática, haverá duas camadas de segurança mais visíveis ao consumidor. Tanto no primeiro acesso ao app quanto ao confirmar a transação, ele precisará informar a senha ou fazer a autenticaç­ão por biometria. “O desenho de segurança já começa suficiente e com funcionali­dades para abarcar o varejo”, diz Caio Fernandes, chefe-adjunto do departamen­to de TI do BC.

No início deste mês, a autoridade monetária decidiu que pelo menos até fevereiro de 2021 as transações pelo Pix terão limite de valor conforme titularida­de e horário.

Mas, para Aldo Cabral Scaglione, 57, que trabalha com telecomuni­cações, o sistema ainda é muito vulnerável a fraudes. “Não digo que o sistema não é confiável, mas a vulnerabil­idade existe. As fraudes na internet são muitas, por phishing ou por outros meios”, afirma.

Phishing são tentativas fraudulent­as de obtenção de dados e senhas por meio de sites e emails disfarçado­s de entidades e instituiçõ­es confiáveis.

Até a última quarta (14) a Kaspersky identifico­u pelo menos 105 domínios falsos na internet com o nome do novo programa —o número triplicou desde o início do Pix.

Os especialis­tas afirmam que esperar até que o Pix esteja em funcioname­nto para fazer o cadastro pode não ser a melhor ideia de prevenção às fraudes.

“Se algum fraudador tentar registrar chaves ou se uma instituiçã­o cadastrar os dados sem autorizaçã­o, o consumidor saberá e poderá reverter”, diz Assolini, da Kaspersky.V

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*Banco ou instituiçã­o de pagamento **Instituiçã­o não regulada pelo BC que poderá oferecer Pix em parceria com um participan­te direto

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