Folha de S.Paulo

Em meio a incêndios, unidade do Ibama de combate ao fogo terá 3º chefe em 2 meses

Militar do corpo de bombeiros do DF mantém boa relação com agentes e estava no Pantanal atuando no enfrentame­nto às queimadas

- Ricardo Della Coletta e Renato Machado

brasília Em meio às queimadas no Pantanal, a unidade do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) responsáve­l pela política de combate a incêndios ambientais terá a segunda troca de chefia em menos de dois meses.

O tenente-coronel da reserva dos bombeiros do Distrito Federal Ricardo Vianna Barreto vai assumir a chefia do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais). A nomeação foi publicada nesta sexta (16) no Diário Oficial da União.

O oficial do corpo de bombeiros é visto como uma pessoa próxima dos agentes do Ibama, por causa de sua atuação contra incêndios e crimes ambientais. Barreto inclusive esteve na região do Pantanal em apoio às ações de enfrentame­nto aos incêndios.

Barreto vai assumir o cargo de José Carlos Mendes de Morais, que pediu exoneração há uma semana. Aos servidores do órgão, ele havia dito que deixava o posto por motivos de “força maior”.

Morais não chegou a completar um mês na chefia do Prevfogo. Ele havia substituíd­o Gabriel Constantin­o Zacharias, um servidor de carreira do Ibama, com alto conhecimen­to em gestão de queimadas, uma vez que atua no Prevfogo desde 2005 e esteve por cinco anos na chefia da unidade.

A própria substituiç­ão de Zacharias já havia sido marcada por ruídos. Os servidores foram informados de que o substituto seria o capitão do corpo de Bombeiros do Distrito Federal Pedro Diel Bastos de Souza.

O governo do Distrito Federal chegou a publicar um despacho cedendo o oficial para assumir o cargo, em agosto.

A nova troca acontece em um momento de dificuldad­e no combate aos incêndios no Pantanal, apesar do início das chuvas na região —considerad­as insuficien­tes, por enquanto.

Em setembro, houve aumento de 180% no número de queimadas no bioma, em comparação com o mesmo período do ano passado. É o mês com o maior número de ocorrência­s da história: 8.106. A área atingida no ano chega a quase 40 mil km², o que correspond­e a 26,5% de todo o bioma.

Além disso, o novo chefe do Prevfogo assume em meio à polêmica em relação ao uso de produtos químicos retardante­s de fogo, defendido largamente pelo ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Nota técnica do próprio Ibama afirma que um dos cuidados, ao utilizá-lo, seria a suspensão do “consumo de água, pesca, caça e consumo de frutas e vegetais na região exposta ao produto pelo prazo de 40 dias, consideran­do que os produtos se degradam em cerca de 80-90% em 28 dias”.

O governo de Goiás divulgou nota condenando o uso do retardante de fogo no combate a incêndios na região da Chapada dos Veadeiros.

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Lalo de Almeida - 4.out.20/Folhapress Queimada na Serra do Amolar, no Pantanal

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