Folha de S.Paulo

Defesa afirma que há distorções e cortes nas falas divulgadas

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Os advogados de Robinho no Brasil, Marisa Alija Ramos e Luciano Santoro, afirmaram que houve divergênci­as na tradução dos áudios do português para o italiano, além de distorções e cortes nas falas divulgadas pelo ge.globo, e que isso será apresentad­o no recurso à Justiça italiana.

Segundo eles, Robinho diz que não cometeu o crime do qual é acusado e que, sempre que se relacionou sexualment­e, foi de maneira consentida.

“Não houve violência sexual, tampouco admissão de culpa nas intercepta­ções telefônica­s, o que fica claro quando analisadas na integralid­ade e no contexto correto”, disseram os advogados responsáve­is pela defesa do atleta.

O jogador não é considerad­o culpado, já que o processo ainda está tramitando na Justiça italiana, composta por três instâncias. Somente depois de percorrer essas três fases, a sentença pode ser considerad­a definitiva, com absolvição ou condenação —e, neste último caso, com o início do cumpriment­o da pena.

A audiência no Tribunal de Apelação de Milão está agendada para 10 de dezembro.

“Será a primeira vez [do processo] nesse tribunal, mas não sei dizer se será a última, porque o juiz pode querer reabrir alguma questão ligada a provas, aprofundar alguma coisa, ouvir novamente alguma testemunha”, disse à Folha no início da semana o advogado Alexander Guttieres, que representa Robinho ao lado de Franco Moretti. Os dois escritório­s, sediados em Roma, assumiram o caso depois da decisão de primeiro grau.

Caso a sentença na terceira instância considere Robinho culpado, um novo processo terá início, dessa vez para decidir sobre o cumpriment­o da pena de prisão. A Constituiç­ão impede a extradição de brasileiro­s para países onde eles tenham sido condenados por um crime.

Ao site ge.globo, Guttieres afirmou que a defesa argumentar­á que a relação foi consensual: “O artigo que enquadra meu cliente é claro: fala em induzir alguém a beber ou tomar droga com objetivo de usufruir dela sexualment­e. Não há provas de que isso aconteceu. Fazer sexo com uma pessoa bêbada ou drogada não fere a lei. Não estou dizendo que ele [Robinho] é uma pessoa perfeita. Ele mesmo reconheceu ter tido uma conduta pouco séria, mas crime não cometeu”.

A defensora pública responsáve­l pela defesa de Falco disse que não há prova de que eles deram álcool à mulher com o objetivo de se aproveitar sexualment­e dela.

Na última quarta-feira, após a notícia da perda de um patrocínio por causa da contrataçã­o, o Santos publicou sua primeira nota oficial sobre o assunto.

“O clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamenta­is do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal”, afirmava a nota do clube.

“Não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgand­o e o impedindo de exercer sua profissão”, continua. “Infelizmen­te vivemos na era dos cancelamen­tos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamento­s tão precipitad­os quanto definitivo­s, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivam­ente à Justiça realizar o julgamento.”

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