Folha de S.Paulo

Metade das vacinas infantis não bate meta há cinco anos

Em SP, mesmo com campanha neste sábado, cobertura está abaixo do desejado

- Cláudia Collucci e Patrícia Pasquini

Entre as 15 vacinas do calendário infantil brasileiro, que inclui a imunização contra a poliomieli­te, metade não bate as metas desde 2015.

Em 2018, apenas duas únicas atingiram a cobertura esperada: a BCG, com 99,72% de imunização do público-alvo, e a vacina contra o rotavírus humano, com 91,33%. Para ambas, a meta é superar os 90%. Em 2019, nenhuma das 15 atingiram a meta.

Neste ano, até 2 de outubro de 2020, a taxa de imunização para a BCG chegou a 63,88%, e para o rotavírus, a 68,46%.

A maior cobertura atingida até outubro foi da vacina pneumocóci­ca, com taxa de 71,98%. Em 2019, chegou a 88,59% do público-alvo.

As informaçõe­s foram divulgadas nesta sexta (16) pela coordenado­ra-geral do Programa Nacional de Imunizaçõe­s (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fontana, durante a Jornada Nacional de Imunizaçõe­s.

Apesar de ainda não existir avaliação real do impacto da pandemia de Covid-19 nas coberturas vacinais, a crise deve piorar esse cenário, fenômeno já sentido globalment­e.

Os números parciais divulgados neste sábado (17), durante o Dia “D” de vacinação, mostram que, em relação à vacina contra a poliomieli­te, as taxas estão ainda bem abaixo das metas.

Na capital paulista, mais de 33 mil doses da vacina contra a poliomieli­te foram aplicadas, além de 67 mil doses de outras vacinas para atualizaçã­o de cadernetas de menores de 1 ano e de crianças e adolescent­es de 5 a 14 anos.

Desde o dia 5 de outubro, foram vacinadas contra a poliomieli­te, 47.343 crianças de 1 a 4 anos de idade, o que representa uma cobertura vacinal de 8% durante a campanha.

No estado de São Paulo, foram aplicadas mais de 268 mil doses da vacina contra poliomieli­te, o que correspond­e a 12,1% de cobertura do público desejado (95%, equivalent­e a 2,1 milhões de crianças).

Quanto às outras vacinas, 113,6 mil bebês com menos de 1 ano comparecer­am aos postos, sendo que 69% precisaram atualizar a carteirinh­a de vacinação (78,4 mil).

Na faixa de 5 a 14 anos, 171,4 mil procuraram serviços de vacinação, com vacina aplicada em 77,6 mil delas (45,3% do total).

Os dados preliminar­es indicam que pelo menos metade do público que está indo aos postos tem alguma pendência na caderneta, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. A campanha vai até o dia 30.

Na tarde deste sábado, a Folha visitou três unidades de saúde da zona leste paulista e não observou grandes filas. Mas as crianças não eram liberadas antes de aguardar pelo menos 20 minutos.

Na UBS Vila Bertioga, a empresária Egle Santos, 26, esperou cerca de 30 minutos para conseguir vacinar a filha Manuela, de 2 anos 4 meses, pouco mais de dois anos, contra sarampo e poliomieli­te. Havia sete pessoas à espera.

Na UBS Água Rasa, 20 pessoas estavam na fila. “Vi muita gente desistindo e indo embora, porque não tem paciência”, disse a autônoma Andréa Moseli, 40, após vacinar a filha Bruna, 4, contra poliomieli­te. No Ambulatóri­o de Especialid­ades Dr. Ítalo Domingos Le Vocci, na Mooca, por volta de 16h30, apenas duas crianças aguardavam na sala de espera.

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