Referências em baixa e elenco curto desafiam Mancini no Corinthians
Técnico começou com vitória empolgante, mas tem teste maior contra o Flamengo neste domingo
Vagner Mancini começou a semana falando em fazer “o Corinthians voltar a ser Corinthians” e teve uma estreia com a cara do clube: 1 a 0 sobre o Athletico, nos acréscimos, com um jogador a menos. Agora, o treinador tenta fazer da suada conquista em Curitiba o início de um trabalho de recuperação.
Neste domingo (18), o time alvinegro recebe o Flamengo, às 16h, na Neo Química Arena.
Há obstáculos consideráveis para a sequência de Mancini. Não foi por acaso que ele assumiu a equipe na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, com apenas 15 pontos em 15 rodadas e semelhanças assustadoras com a trajetória do clube em 2007, quando caiu para segunda divisão.
O elenco é notoriamente desequilibrado, com lacunas reconhecidas pela própria diretoria. As referências técnicas do grupo também estão bem longe de seus melhores momentos, casos de Cássio, Fagner, Gil e Jô.
A temporada até aqui foi uma fracassada tentativa de adotar um futebol ofensivo. Sob Tiago Nunes, contratado para conduzir uma transformação com conceitos tidos como modernos, o Corinthians perdeu a consistência defensiva que tinha e ganhou nada em troca.
Não causou estranheza, portanto, que Mancini tenha chegado cobrando a recuperação da identidade alvinegra. Referia-se à raça exigida por torcedores, mas também a um jogo baseado na proteção firme da retaguarda, marca das conquistas recentes.
Na estreia, o paulista de 53 anos procurou fechar a cabeça da área com três volantes e ordenou que os jogadores escalados pelas beiradas se juntassem a eles na linha de marcação. Precisou de ótima atuação do goleiro Walter, mas conseguiu celebrar uma vitória pelo placar mínimo.
O gol foi um retrato da mudança. Em vez de insistir em uma saída de bola por baixo que só vinha lhe causando problemas, o Corinthians começou a bater os tiros de meta na direção do ataque. No lance decisivo, Boselli e Xavier brigaram após o chutão, e Everaldo aproveitou a chance.
Muito comemorado pelos atletas, o resultado levantou o moral de um time que vinha de cinco partidas sem vencer. Mancini observara o abatimento no primeiro contato com os jogadores e explicara que buscar uma reação emocional seria o primeiro passo.
Ele foi dado, mas os problemas persistem. Há poucas opções de velocidade no elenco.
“Eu sempre pratiquei um jogo agressivo: agressivo no combate na parte defensiva e agressivo para buscar o gol”, disse Mancini, que, a não ser que a diretoria lhe presenteie com um reforço inesperado, terá dificuldades para organizar esse tipo de ataque.
Com ou sem novos jogadores, o técnico precisará de uma participação mais consistente de quem já está no elenco. Para conquistar seu primeiro triunfo, ele se apoiou em boas partidas de Walter, Xavier e Mateus Vital, que não são os habituais protagonistas.
Fazer os principais atletas voltarem a render é uma das chaves para Mancini ter vida mais longa no clube. Outra é achar em ao menos um dos meias que chegaram neste ano alguém capaz de oferecer produção ofensiva confiável.
Luan tem sido uma grande decepção. Otero e Cazares, que atuaram com o técnico no Atlético-MG, desembarcaram faz menos tempo e trabalham para ganhar espaço.
Há problemas, mas também alternativas. E, apesar da recepção pouco calorosa da torcida e do currículo de sucesso limitado, Vagner Mancini já se mostrou capaz de montar equipes organizadas —como o Atlético-GO neste Brasileiro.
Por ora, a meta é ganhar distância da zona de rebaixamento e afastar o lúgubre espectro de 2007. Se alcançar esse modesto objetivo, poderá almejar algo mais ambicioso.