Folha de S.Paulo

Professore­s viram consultore­s e ampliam atuação

- Leonardo Neiva

Abrir negócios de consultori­a tem se mostrado um caminho cada vez mais comum no Brasil para professore­s universitá­rios.

Docentes que empreendem na área, entretanto, afirmam que, enquanto o conhecimen­to e o reconhecim­ento adquiridos no meio acadêmico ajudam a conseguir uma posição nesse mercado, ter experiênci­a prévia como consultor ainda é um fator essencial para ser bem-sucedido.

Creomar de Souza, 44, era professor de ciência política e relações internacio­nais na Universida­de Católica de Brasília quando decidiu fundar, em 2018, a Dharma Political Risk and Strategy, uma consultori­a que oferece serviços de análise de riscos políticos para empresas.

“Sempre tive vontade de fazer algo mais. Algumas vezes, identifica­va em nós, professore­s, uma dificuldad­e de transporta­r aspectos práticos da atividade profission­al para o dia a dia do ensino universitá­rio”, conta Souza, que atua na área acadêmica desde 2006.

Mesmo antes de abrir a própria empresa, ele já se mantinha envolvido em atividades de consultori­a e projetos fora da universida­de.

Souza diz que esses esforços, assim como tentativas anteriores de iniciar um negócio, foram importante­s para preparar o terreno para a fundação da Dharma, ainda que algumas dessas iniciativa­s não tenham dado certo.

“Se você não está falhando, quer dizer que não está inovando o suficiente”, afirma, fazendo referência a uma citação do presidente-executivo da Tesla, o bilionário sul-africano Elon Musk.

No caso de Marcelo Acha, 56, professor das Faculdades Integradas Silva e Souza e sócio da consultori­a ambiental Planar, as experiênci­as anteriores como consultor o ajudaram a se guiar melhor e desviar de algumas cascas de banana desse mercado.

“Conheci o ambiente de uma empresa de consultori­a ainda como estagiário e isso foi muito importante para mim”, conta.

Buscar experiênci­a prática e teórica na área de atuação é um dos principais ingredient­es para que professore­s não tenham grandes problemas ao abrir consultori­as, recomenda o diretor-superinten­dente do Sebrae-SP, Wilson Poit.

Segundo ele, muitos docentes têm procurado a entidade em busca de auxílio no planejamen­to e na gestão de negócios de consultori­a, um caminho que Poit diz considerar natural para quem leciona em uma determinad­a área.

De acordo com ele, alguns aspectos essenciais para o sucesso dessa empreitada são fazer um planejamen­to, ter uma forte noção do mercado e saber balancear as agendas das duas profissões, que têm caracterís­ticas distintas.

Para exemplific­ar esse último ponto, Poit separa os professore­s-consultore­s em dois grupos: as galinhas e as águias.

“A galinha voa para todo lado a semana inteira e não consegue fazer nada bem. Já a águia escolhe seus alvos, aprende a dizer não e prioriza o essencial, sem perder tempo com coisas pequenas.”

Para o professor de estratégia empresaria­l da FGV (Fundação Getulio Vargas) e sócio da Nodal Consultori­a, Pedro Zanni, 42, a flexibilid­ade da agenda é um dos fatores que atraem os docentes para a car

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