Enem terá prova online pela primeira vez
Avaliação será feita em quatro domingos no início do ano que vem; resultado sai em março
Por causa da pandemia, o Enem 2020 será realizado entre janeiro e fevereiro de 2021. Esta edição do exame terá uma novidade: pela primeira vez, poderá ser feita no modelo digital.
Os candidatos inscritos para a prova tradicional farão a avaliação nos dias 17 e 24 de janeiro. Já a prova online será em 31 de janeiro e 7 de fevereiro. O resultado sai em março.
Criado em 1998, o Enem consolida-se não apenas como um meio para avaliar o conteúdo do ensino médio mas também como uma forma de acesso a universidades.
“A experiência do Enem até aqui tem sido extremamente positiva”, afirma Maria Amalia Andery, reitora da PUC-SP. “É um exame nacional muito importante para avaliar o sistema educacional e para uniformizar a régua de acesso à graduação.”
Coordenador de processo seletivo do Insper, o professor Tadeu da Ponte também tem uma avaliação positiva do Enem. E dá boas-vindas à realização da prova online.
“Neste ano, as instituições tiveram de migrar para o ensino remoto e perceberam que é um modelo bastante útil. Mas fazer a migração completa de uma prova escrita para uma online é algo complicado, muitos estudantes no Brasil ainda não têm acesso à internet, não estão acostumados com esse modelo.”
Para Jhonatan Hoff, coordenador dos cursos de graduação da Fipecafi, a questão do acesso a computadores e conexão com a internet ainda é um obstáculo para a implementação do Enem totalmente online. “Ainda temos muitos buracos no Brasil em relação a isso, principalmente entre os alunos de escolas públicas.”
Qual seria o próximo avanço do Enem? Para Tadeu da Ponte, a realização da prova em várias datas. O coordenador do Insper afirma que, no modelo digital, seria mais fácil aplicar as avaliações em diversas datas durante o ano. “Assim o candidato teria uma sequência de oportunidades para fazer a prova quando se sentisse mais bem preparado. Se fizer em um dia e achar que não foi bem, pode realizar novamente em outra data”, diz. Além disso, afirma Tadeu, no modelo digital dá para personalizar melhor a experiência de prova do candidato. “Seria possível montar o caderno de provas do candidato de forma mais adequada para avaliar o seu desempenho. Isso já existe em algumas avaliações internacionais.” Para Jhonatan Hoff, da Fipecafi, o Enem vem sendo aperfeiçoado ao longo dos anos e “é um avanço do ponto de vista educacional”.
“Ainda não está perfeito, mas é um exame que contribui para a democratização do ensino e para o acesso ao ensino superior.” Segundo Jhonatan, o que precisamos melhorar é aquilo que vem antes do exame: o ensino fundamental e o ensino médio. Para que o aluno entre no ensino superior mais preparado.