Enem pode vir a substituir as provas de vestibular
Especialistas afirmam que a nota do exame poderia se somar a outros tipos de avaliação, por meio de entrevistas
OEnem poderá substituir os vestibulares? Para muitos professores e educadores, sim –mas com ressalvas.
Há algum tempo muitas universidades, não apenas as federais, utilizam a nota do Enem como parâmetro para a admissão de alunos.
“Para o acesso à graduação no meio do ano, o Enem foi a principal porta de entrada”, afirma Milton Pignatari Filho, coordenador de processos seletivos da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“Em 2021, isso deverá se repetir. Porque o processo seletivo de várias universidades vai se estender pelos primeiros meses do ano. A nota do Enem será muito importante.”
Para Milton, seria vantajoso para as universidades utilizar o Enem como substituição aos vestibulares também pela questão econômica. “O custo para as instituições é muito menor do que se fossem aplicar um vestibular. Não precisam contratar banca de correção, fiscais etc. Em termos pedagógicos, não vejo problema em nenhuma das frentes, utilizar o Enem ou fazer um vestibular próprio.”
No Insper, de acordo com Tadeu da Ponte, coordenador de processo seletivo da instituição, há duas fases do vestibular: uma que avalia o conhecimento e outra em que são avaliadas outras habilidades.
“Essa primeira fase poderia ser substituída pelo Enem. Faz cada vez menos sentido cada universidade realizar seu próprio vestibular.”
Mas, pondera Tadeu, um entrave para isso é o calendário.
“O Enem normalmente é aplicado em novembro. As universidades particulares podem consultar as notas na segunda quinzena de janeiro. Isso é ruim, porque fica muito complicado convocar os candidatos para uma segunda fase do processo seletivo. Temos de iniciar o ano letivo em fevereiro.”
Se o Enem fosse aplicado mais de uma vez por ano, segundo Ta
Faz cada vez menos sentido cada universidade realizar seu próprio vestibular” Tadeu da Ponte, coordenador de processo seletivo do Insper
deu, “o problema provavelmente seria resolvido”.
Para Maria Amalia Andery, reitora da PUC-SP, existe a tendência, entre as universidades, de substituir o vestibular pela nota do Enem. “A multiplicação de vestibulares é um problema tanto para o estudante, que tem de pagar muitas taxas de inscrição, como para as instituições, que arcam com o custo e a logística de aplicação das provas.”
Mas, afirma a reitora, o Enem “deveria se somar a outras medidas de avaliação dos candidatos, como o histórico escolar do estudante”.
“O Enem se tornou um exame de conteúdo. Avalia o conhecimento adquirido no segundo grau”, diz Maria Amalia.
“É importante introduzir medidas para avaliar outras habilidades, como o pensamento crítico, a capacidade de solução de problemas, que podem ser avaliados em entrevistas, por exemplo.”