Folha de S.Paulo

Sem economizar alegria, colecionou terços e amigos

MARIA GORETTI SOEIRO MACHADO (1960-2020)

- coluna.obituario@grupofolha.com.br Patrícia Pasquini

são paulo Não faltaram obstáculos na vida da funcionári­a pública Maria Goretti Soeiro Machado, mas todos foram driblados com alegria. O casamento não deu certo, mas força e coragem não lhe faltaram para criar sozinha a filha, a estudante de medicina Isadora Machado Sanches, 26.

Nascida em São Luís (Maranhão), Maria Goretti estava sempre de bem com a vida. Alegre e festeira, conhecia gente pelo Brasil inteiro. Ela gostava de reunir os amigos e viajar. Foi a primeira coisa que fez quando começou a trabalhar e recebeu o primeiro salário.

Para facilitar os encontros e as conversas com as amigas, Maria Goretti criou o grupo Amigas para Sempre, no WhatsApp.

“Ela tinha Jesus em seu coração, em seus lábios, em seus ouvidos, em seu olhar, em suas mãos, em suas atitudes, em sua vida. Tinha a alegria e a sabedoria do bem viver, a bemaventur­ança dos simples, a sobriedade dos felizes, a capacidade de fazer e congregar amigos, a ética dos justos. Foi uma verdadeira cristã”, diz o amigo, o engenheiro agrônomo Luiz Thadeu Nunes e Silva, 61.

Católica, Maria Goretti colecionav­a terços de vários locais do mundo e costumeira­mente presenteav­a os amigos. Tão intensa também foi na cultura. Em São Luís, acompanhou todas as manifestaç­ões culturais. Além disso, era apegada aos livros. O gosto, provavelme­nte herdou da mãe, a poetisa Maria Filomena Soeiro, 93, que tem dois livros de poesia publicados.

Maria Goretti nunca fumou, ingeriu álcool ou cometeu excessos na alimentaçã­o. O fato de ser disciplina­da, não a livrou do câncer. O primeiro, no ovário, apareceu em junho de 2018. Em dezembro do mesmo ano, os médicos a considerar­am curada. Em março de 2020, após sentir dores no estômago, foi internada e descobriu câncer de peritônio. Perto de ter alta do tratamento foi diagnostic­ada com o mesmo problema, mas no fígado, e não resistiu.

Maria Goretti partiu em paz ao participar, no hospital, do noivado da filha com Frederico Costa e Silva, 31. Foi a certeza de que Isadora estaria em segurança. Ela morreu dia 13 de outubro, aos 60 anos. Deixa a mãe, a filha, o genro, seis irmãos e sobrinhos.

7º DIA MARIA CECILIA LIA VIEGAS

DE MORAES Nesta terça (20/10) às 10h, Igreja São José, Jardim Europa (SP)

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