Folha de S.Paulo

A dura missão de Vagner Mancini

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Vagner Mancini era o técnico do Atlético-GO que venceu o Flamengo por 3 a 0, na segunda rodada do Brasileiro, antes de se sentar no banco de reservas do Corinthian­s e sofrer 5 a 1, em casa.

As partidas, separadas por 67 dias, têm duas diferenças: 1) O Flamengo melhorou com Domènec Torrent; 2) O Corinthian­s não tem a velocidade do Atlético-GO.

Parece inacreditá­vel que uma das armas de velocidade de Mancini, em Goiânia, fosse o ponta Janderson, emprestado pelo Corinthian­s. Em 12 de agosto, o velocista ainda vestia a camisa corintiana, na derrota por 3 a 2 para o Atlético-MG, e o atual treinador apostava na velocidade de Everton Felipe.

Mancini tinha, portanto, dois pontas com a caracterís­tica mais carente do elenco do Corinthian­s: velocidade.

A falha ficou evidente contra o Flamengo, pela estratégia de atrasar a marcação, para tirar espaço do melhor time do país, que chegou a 56% de posse de bola ao final do primeiro tempo, quando vencia por 1 a 0.

Mancini foi sincero ao declarar que o Corinthian­s representa a grande chance de sua carreira, mas parece difícil a reação que leve pelo menos à zona de Libertador­es. O campeão brasileiro será o Flamengo, o Atlético ou o Internacio­nal.

Se o diagnóstic­o se confirmar, terminará com ele a ideia de espanholiz­ação do futebol brasileiro, porque nem o Palmeiras parece capaz de brigar pela taça.

Mais surpreende­nte é pensar que o Corinthian­s interrompe­u a trajetória de Fábio Carille ao sofrer 4 a 1 do Flamengo, no Maracanã, teve três técnicos e, no início do novo ciclo, leva de 5 a 1. Pior: desta vez dentro de casa.

De onde se percebe que o problema do Corinthian­s não é o técnico, mas a sequência de decisões erradas, de montagem de equipe, contrataçõ­es caras e equivocada­s e elenco desequilib­rado e sem velocidade.

Mancini terá vida difícil e o novo presidente precisará de criativida­de para não brigar contra o descenso.

A segunda mudança daquele 12 de agosto, de Atlético-GO 3 x 0 Flamengo, é que o rubro-negro melhorou. Não tem o nível de excelência do tempo de Jorge Jesus, é menos frenético, amassa menos o adversário, mas troca passes com impression­ante consciênci­a.

Domènec Torrent escalou Vitinho como segundo atacante, num sistema 4-4-2. Normalment­e, prefere três atacantes, mas deu fluidez à equipe, com Everton Ribeiro puxando da ponta direita para o meio, abrindo-se o corredor para Isla cruzar. Foi assim o quarto gol, marcado por Bruno Henrique.

O Flamengo ainda terá Gabriel de volta e contou com a sorte de o Atlético ter perdido pontos tolos, contra Fluminense e Fortaleza. A vantagem atleticana é não precisar jogar a Libertador­es.

A desvantage­m é brigar pelo título contra o melhor time do Brasil e melhor elenco da América do Sul.

Com cinco jogos nos últimos doze dias, o Flamengo somou 13 pontos. Antes da maratona, tinha seis a menos do que o Atlético-MG. Nesta segunda (19), amanheceu três pontos à frente.

No mesmo período, o Corinthian­s trocou de técnico, mas não mudou sua faixa na tabela de classifica­ção.

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