Folha de S.Paulo

Covas vence em 50 das 58 zonas da capital, e Boulos, na periferia

Reeleito tem resultado expressivo em áreas nobres e até em regiões afastadas; psolista ganha apertado onde mora

- Fábio Zanini

Bruno Covas (PSDB) são paulo Se Bruno Covas (PSDB) pintou o mapa eleitoral de São Paulo de azul no primeiro turno das eleições, teve de aceitar algumas derrotas em áreas periférica­s do maior município do país na rodada final.

Mesmo nos locais em que perdeu, contudo, o prefeito reeleito mostrou ser competitiv­o, sem sofrer nada que remotament­e se pareça a uma humilhação em qualquer canto da cidade.

O candidato tucano venceu em 50 das 58 zonas eleitorais de São Paulo. Foi especialme­nte bem no centro expandido da cidade, e obteve sua vitória mais folgada em Indianópol­is, com 75,87% dos votos. Da mesma forma, venceu fácil em áreas como Jardim Paulista (73,36%) e Santo Amaro (72,2%).

Mas também saiu-se vitorioso em regiões da periferia, como em São Miguel Paulista (56,28%), Itaquera (55,4%) e Itaim Paulista (54,74%), todos na zona leste da cidade.

As zonas em que Guilherme Boulos (PSOL) triunfou são todas nas áreas mais afastadas do centro da cidade, sendo 6 delas na zona sul e 2 na zona leste. Mas, mesmo nessas, as vitórias sobre seu adversário foram medianas ou apertadas.

Um exemplo eloquente é o de Campo Limpo, onde

Guilherme Boulos (PSOL) o candidato psolista mora e onde venceu com 50,6%, quase empatado com Bruno Covas, que obteve 49,4%.

Em Parelheiro­s, extremo da zona sul, a vitória foi ainda mais apertada, por 50,35% contra 49,65% do prefeito reeleito.

O melhor resultado para Boulos foi registrado em Cidade Tiradentes, na zona leste, onde conquistou 56,42%. Percentual praticamen­te idêntico ao do Valo Velho, na zona sul, onde obteve 56,41% dos votos.

Em parte, o bom desempenho de Covas mostra o acerto da costura política de sua candidatur­a. Ele conseguiu arregiment­ar o apoio de líderes com eficiente máquina eleitoral nos extremos da cidade, como o vereador Milton Leite (DEM) e seu próprio vice, Ricardo Nunes (MDB).

Também contou a favor o engajament­o da ex-prefeita Marta Suplicy, que ajuda a explicar o bom desempenho em áreas como Grajaú e Parelheiro­s, apesar de as duas terem dado mais votos a Boulos.

Já o candidato do PSOL mostrou que conseguiu resolver em parte o que tinha sido apontado como uma das grandes deficiênci­as de sua campanha, que era a falta de penetração na periferia.

Paradoxalm­ente, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto), com atuação forte nas áreas afastadas, parecia ter mais facilidade de conseguir apoios entre as classes médias progressis­tas do centro expandido.

O apoio do PT à sua candidatur­a no segundo turno foi importante para arregiment­ar parte desse voto de menor renda, mas não foi suficiente para a vitória.

Boulos, apesar da derrota, seguiu sendo bem votado em algumas regiões centrais. Teve, por exemplo, 44,18% dos votos na Bela Vista e 39,72% na Santa Efigênia.

Mas a onda que se esperava em alguns bairros mais nobres não aconteceu, e ele teve derrotas contundent­es em vários deles. Amealhou, por exemplo, 30,08% no Tatuapé e apenas 26,64% no Jardim Paulista.

O mapa eleitoral de São Paulo, no fim de uma eleição que foi marcada por sucessivas reviravolt­as, acabou parecido com o que já ocorreu em eleições anteriores: a esquerda vencendo na periferia, mas com dificuldad­e entre os eleitores das regiões centrais.

Guilherme Boulos conseguiu obter alguma entrada nas regiões de classe média e classe alta e recuperou-se nas áreas mais afastadas neste segundo turno, mas faltou intensidad­e a esses dois movimentos para vencer a engrenagem eleitoral montada para a reeleição de Covas.

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