Folha de S.Paulo

Melo derrota Manuela d’Ávila e será prefeito de Porto Alegre

Eleito com programa liberal, emedebista defende reabertura total na pandemia

- Paula Sperb

porto alegre Sebastião Melo (MDB), 62, foi escolhido para governar Porto Alegre na próxima gestão. Ele obteve 54,63% dos votos válidos, ante 45,37% de Manuela d’Ávila (PCdoB), que tentava ser a primeira mulher eleita na capital gaúcha.

Após a vitória, Melo foi recepciona­do pela militância no Ritter Hotel, no centro da cidade, onde concedeu entrevista. Ele estava acompanhad­o pelo vice-prefeito eleito, Ricardo Gomes (DEM).

“Quando cheguei em frente à rodoviária [em frente ao hotel onde realizou coletiva], me lembrei de que, em 1978, desci aqui do ônibus, tinha saído de Goiás e vim vencer na vida nesta cidade”, disse o prefeito eleito.

“Obrigado, Porto Alegre, vou devolver a ti em dobro as oportunida­des que você me deu, sendo um prefeito realizador.”

Melo disse que sua campanha foi do “tostão contra o milhão” e que faltou dinheiro para bandeiras. Ele agradeceu ao ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM), que é do Rio Grande do Sul.

A candidata derrotada, Manuela, agradeceu em uma rede social o apoio de seus eleitores e desejou sorte ao eleito.

“Enfrentamo­s muita baixaria e notícias falsas. Mas a democracia é soberana. Desejo sorte ao Sebastião Melo e seguiremos na luta, ao lado de quem quer uma cidade mais justa”, escreveu.

Na pesquisa Ibope divulgada no sábado (28), Manuela aparecia com 51% de intenção dos votos válidos, ante 49% de Melo. Uma pesquisa falsa atribuída ao Datafolha chegou a circular na capital gaúcha, dando vantagem para Melo. O Datafolha não realizou tal pesquisa.

Durante a campanha, Melo disse que sua adversária defendia um “projeto estatizant­e”. “São projetos completame­nte diferentes. Não no aspecto de diálogo e respeito à democracia, mas são diferentes.”

Ele defendeu um programa econômico liberal, com redução de impostos como o IPTU e redução de burocracia para abertura de negócios. O prefeito eleito também incluiu no seu programa de governo a defesa das escolas cívico-militares em Porto Alegre.

Sobre a pandemia, Melo se manifestou em defesa da reabertura total dos segmentos econômicos e contra a vacinação obrigatóri­a.

Ele já foi vice-prefeito de Porto Alegre de 2013 a 2016, na gestão de José Fortunati (à época no PDT, hoje no PTB), que também concorreri­a na eleição deste ano. Mas Fortunati desistiu pouco antes do primeiro turno, depois de a Justiça Eleitoral indeferir a candidatur­a de seu vice a pedido de um candidato a vereador da coligação de Melo.

O prefeito eleito é advogado, natural de Piracanjub­a (GO) e deputado estadual desde 2019. O emedebista concorreu a prefeito na eleição de 2016, chegando ao segundo turno, mas foi derrotado por Nelson Marchezan Jr. (PSDB). Também já foi vereador (2000-2012). Sempre foi filiado ao MDB.

Marchezan, o primeiro prefeito do PSDB na capital gaúcha, ficou de fora do segundo turno. O tucano enfrenta um processo de impeachmen­t na Câmara de Vereadores e perdeu a base que mantinha no Legislativ­o, sendo frequentem­ente criticado pela falta de diálogo.

O atual vice de Marchezan, Gustavo Paim (PP), também disputou a eleição. No segundo turno, Paim declarou apoio a Melo.

O emedebista chama de “riqueza” a formação da nova Câmara Municipal, com cinco vereadores negros, e lamentou a morte de Beto Freitas, homem negro espancado em um Carrefour de Porto Alegre por dois seguranças da rede.

“O racismo é uma triste realidade mundial. É uma questão histórica e cultural e, no Brasil, existe”, disse.

A posição é diferente da manifestad­a pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo vice, Hamilton Mourão (PRTB), ainda que Melo tenha acenado a bolsonaris­tas durante a campanha.

Apesar de perder a capital, Leite celebra avanço tucano no RS

O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), celebrou o avanço do seu partido no estado. No segundo turno, o PSDB venceu em três cidades do estado, incluindo Pelotas, onde Leite foi prefeito. A atual prefeita de Pelotas, Paula Mascarenha­s (PSDB), foi reeleita. Mascarenha­s recebeu 68,7% dos votos, ante 31,30% para Ivan Duarte (PT).

Em Caxias do Sul, na serra, Adiló Didomenico (PSDB) derrotou Pepe Vargas (PT), que já governou a cidade e foi ministro de Dilma Rousseff. É a primeira vez que o PSDB governará Caxias do Sul. Adiló fez 59,57% dos votos válidos, ante 40,43% de Pepe Vargas.

Em Santa Maria, na região central, o atual prefeito, Jorge Pozzobom (PSDB), foi reeleito com 57,29% dos votos ante 42,71% de Sergio Cecchin (PP).

Em Canoas, Jairo Jorge (PSDB) —que já foi prefeito da cidade quando era filiado ao PT— foi eleito com 53,06% dos votos válidos, ante 46,94% do atual prefeito, Luiz Carlos Busato (PTB).

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Donaldo Hadlich/Código 19/Folhapress O prefeito eleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), conversa com a imprensa após votar; ele teve 54,63% dos votos válidos

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