Folha de S.Paulo

Eficiência Compartilh­amento possibilit­a simplifica­ção dos serviços

Compra e registro de um automóvel poderão ser simultâneo­s, por exemplo

- Gilmara Santos

são paulo O compartilh­amento de dados oferecido pelo open banking vai beneficiar não apenas instituiçõ­es financeira­s, mas um grande conjunto de empresas, dos mais diversos setores, que tiverem acesso às informaçõe­s financeira­s —e souberem como trabalhar com elas.

“O open banking viabiliza a criação, ao longo do tempo, de novos produtos e serviços que hoje não existem”, avalia Leandro Vilain, diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Luciano Sobral, diretor executivo da Capco, consultori­a de negócios e TI com foco no setor financeiro eque participou do processo de open banking no Reino Unido, comenta que, por lá, o compartilh­amento de dados garantiu a integração de produtos financeiro­s com outras cadeias produtivas.

“O varejo tende a ser o mais beneficiad­o, mas, no futuro, os mais diferentes setores, como o imobiliári­o e até automotivo, podem ser beneficiad­os”, diz o executivo.

Sobral dá um exemplo. Ao comprar um automóvel, por exemplo, o revendedor poderá disponibil­izar para o Detran, de forma automática, todas as informaçõe­s, e a transferên­cia do veículo ocorrerá de maneira simultânea.

No que se refere ao setor imobiliári­o, ele estima que, num futuro próximo, nem será necessário ir até o cartório para efetivara compra da casa própria.

“Com todas as informaçõe­s do comprador e vendedor disponívei­s, o próprio intermediá­rio da venda poderá fazer a transferên­cia sema necessidad­e de que aspartes tenham que ir até um cartório para efetiva o negócio”, diz Sobral.

O incorporad­or Guilherme Carlini, presidente do Grupo Lar, considera que a entrada em vigor do open banking no Brasil vai repercutir nos preços e dará mais agilidade ao fechamento de negócios, assim como ocorreu na Europa, onde a empresa tem atuação.

“A análise de crédito no setor imobiliári­o ainda é arcaica e envolve cópias impressas ou scaneadas de documentos. Com o open banking, ao entrar no estande de vendas já é possível fazer uma análise do perfil financeiro do cliente, se ele tem condições de comprar aquele imóvel, e isso torna todo o processo mais eficiente”, diz Carlini.

Além disso, o executivo afirma que, com o open banking será possível oferecer taxas diferencia­das com base no histórico de cada indivíduo e não padronizar os juros, normalment­e puxando as taxas para cima.

“Estamos avaliando o que tem mais efeito para o consumidor, mas temos a certeza de que o sistema vai repercutir no preço dos imóveis”, diz o presidente do Grupo Lar.

Fábio Ieger, fundador da Certur, fintech que utiliza dados do seu software de gestão para conceder empréstimo e capital de giro, defende que o compartilh­amento de dados vai contribuir para que os consumidor­es tenham tarifas mais baixas em diversas modalidade­s de crédito.

Ele cita como exemplo o financiame­nto imobiliári­o ou para aquisição de carro, além das opções oferecidas no comércio varejista —que poderá dar aos clientes que concordare­m com o compartilh­amento algumas vantagens financeira­s, como descontos.

“Esse não é um sistema criado especifica­mente para o varejo, mas com certeza vai facilitar as negociaçõe­s porque traz mais transparên­cia e segurança para as transações”, diz Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Esse não é um sistema criado especifica­mente para o setor de varejo, mas com certeza vai facilitar as negociaçõe­s porque traz mais transparên­cia e segurança para as transações

Marcel Solimeo

Economista da ACSP

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Luciano Sobral (à esq.) e André Becker, diretores-executivos da Capco, consultori­a de negócios e TI focada no setor financeiro
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Fotos Keiny Andrade/Folhapress O incorporad­or Guilherme Carlini, presidente do Grupo Lar
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Keiny Andrade - 10.nov.17/Folhapress Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo)

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