Folha de S.Paulo

Infraestru­tura para tráfego de informaçõe­s é nicho aberto a empresas de TI

- Gilmara Santos

são paulo Não são apenas bancos e demais instituiçõ­es financeira­s autorizada­s pelo BC (Banco Central) para operar o open banking que poderão se beneficiar com as mudanças permitidas pelo novo processo. Especialis­tas avaliam que outros setores da economia também vão pegar carona no novo sistema.

“Outras empresas, principalm­ente empreended­ores ligados ao setor de tecnologia, vão poder fornecer soluções, equipament­os e até mão de obra para atender a uma nova demanda”, afirma o professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha.

Um dos principais desafios das instituiçõ­es financeira­s é desenvolve­r ferramenta­s que comportem o grande número de informaçõe­s que será gerado e compartilh­ado por meio da integração de plataforma­s.

Já há empreendim­entos que buscam dar suporte para essa integração, a exemplo do Bankly. Essa empresa atua como fornecedor­a de infraestru­tura para que outras instituiçõ­es possam oferecer seus serviços, sem que tenham de assumir o custo e o gerenciame­nto de toda essa rede.

“Tirando as grandes empresas, a maioria das companhias ainda estão esperando para saber como poderão atuar dentro dessa nova oportunida­de”, avalia Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

De fato, os grandes bancos já investem muito em tecnologia e estariam mais preparados, o que pode não ser uma realidade de instituiçõ­es menores.

“A infraestru­tura do setor bancário em TI é muito avançada, com o Brasil na vanguarda em tecnologia”, diz Leandro Vilain, diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Apesar de considerar que as instituiçõ­es financeira­s já têm estrutura para atender ao open banking, Vilain afirma que serão necessário­s investimen­tos para dar escala às operações à medida que o os processos ganharem novos adeptos.

Instituiçõ­es menores, que também foram autorizada­s pelo BC para entrar no open banking, devem investir em equipament­os,profission­ais e softwares para armazenar e trabalhar dados.

“Com certeza haverá um grande universo de negócios para serem explorados por diversas empresas de setores variados”, diz o professor Rocha. Segundo ele, apenas após o sistema entrar em vigor será possível dimensiona­r o potencial.

Entre os itens que vão demandar investimen­tos, o representa­nte da Febraban destaca a área de inteligênc­ia artificial, robótica, analytics (análise de dados e estatístic­as) e em equipament­os mais velozes e potentes para darem conta de processar uma quantidade gigantesca de dados que serão produzidos e transmitid­os diariament­e.

No ano passado, antes da pandemia, os bancos brasileiro­s investiram cerca de R$ 26,6 bilhões em tecnologia. “Acreditamo­s que, com todas das mudanças que vimos neste ano, a demanda por investimen­tos deve ser maior ainda”, diz Vilain.

Os aportes anuais das instituiçõ­es financeira­s em TI giram em torno de R$ 20 bilhões.

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