Folha de S.Paulo

Volume de estrangeir­os na Bolsa atinge quase R$ 30 bilhões

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são paulo O volume de estrangeir­os na Bolsa atingiu R$ 29,996 bilhões em novembro até a última quinta-feira (25), recorde mensal.

Com o real depreciado e a avaliação de que as ações ainda estão longe do preço máximo, o Brasil se mostra como uma boa oportunida­de de investimen­to, mas ainda há riscos aos olhos do estrangeir­o.

“A Bolsa em dólar está barata e, se o Brasil vai bem e o real aprecia, também vale a compra, mas vejo que se trata de um posicionam­ento e não de um retorno dos estrangeir­os às compras”, afirmou o professor do Insper Roberto Dumas Damas à Folha, em meados de novembro.

Até sexta-feira (27), o dólar acumulava queda de 1,13% na semana e de 7,2% no mês.

O Ibovespa, por sua vez, teve alta de 4,27% na semana e, com alta acumulada de 17,7% em novembro, caminha para fechar o mês como o melhor desde outubro de 2002.

Em evento promovido pela B3 e pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos

Mercados Financeiro e de Capitais) na última semana, especialis­tas afirmaram que o mercado de capitais brasileiro tem passado por um processo de transforma­ção — tanto em relação ao número de investidor­es quanto em relação à chegada de novas empresas na Bolsa.

Especialis­tas já haviam afirmado à Folha, no entanto, que ainda é cedo para dizer se os estrangeir­os voltaram para ficar e se devem ampliar os investimen­tos por aqui.

Até este sábado (28), 39 empresas tinham seus processos para abertura de capital (IPO) em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s). A última a submeter à comissão o pedido foi a Intelbras.

“Desde maio houve uma aceleração bem impression­ante, a ponto de indicar este como um dos melhores anos em número e volume de abertura de capitais e ofertas aqui no Brasil”, afirma o vice-presidente do fórum de estruturaç­ão de mercado de capitais da Anbima, Sérgio Goldstein.

Até novembro, foram 25 estreias na B3, contra cinco operações em todo ano de 2019. Esses IPOs movimentar­am quase R$ 32 bilhões, volume 220% superior ao do observado no ano passado.

Segundoosó­cio-fundadorda Apex Capital, Paulo Weickert, apesar de a Bolsa ter atingido recordes no número de CPFs, ainda é um número baixo se comparado a outros países.

Para ele, a taxa básica de juros em mínimas históricas é o grande impulsiona­dor do mercado e, caso se mantenha em um dígito durante um bom tempo, ajudará para o cresciment­o do mercado de capitais e da Bolsa, com novas companhias sendo listadas.

“Temos muitas companhias grandes que ainda são privadas e não listadas na Bolsa. Faz parte dessa evolução natural que a redução nas taxas de juros proporcion­e a chegada de companhias menores ao mercado. Mas é preciso que as pessoas físicas comprem ofertas, porque não serão os institucio­nais que farão essas compras. É uma questão de tempo”, disse Weickert.

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