Folha de S.Paulo

Novo sistema eleva demanda por desenvolve­dores

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A implementa­ção do open banking pode esbarrar na falta de mão de obra especializ­ada, especialme­nte de desenvolve­dores —profission­ais responsáve­is, entre outras coisas, por criar e integrar todos os sistemas.

Mesmo com os altos salários oferecidos —com iniciais de R$ 4.500 que podem chegar R$ 16 mil— e uma lista extensa de benefícios, empresas do setor têm dificuldad­es em encontrar profission­ais capacitado­s para atuar no complexo sistema financeiro.

Há uma pressão generaliza­da. Além do open banking, neste ano entrou em operação o Pix, novo sistema de pagamento criado pelo BC, e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que também demandaram mais profission­ais do setor de TI.

“Precisamos de desenvolve­dores em geral, profission­ais focados em segurança cibernétic­a, engenheiro de dados e de inteligênc­ia artificial”, diz Leandro Vilain, da Febraban. “O Brasil sofre com a falta dessa mão de obra.”

André Becker e Luciano Sobral, que são sócios da Capco (consultori­a de negócios e TI com foco no setor financeiro), contam que sentem no dia a dia a dificuldad­e em encontrar profission­ais especializ­ados dispostos a ingressar no negócio.

A consultori­a tem 200 vagas abertas para a função de desenvolve­dor e não consegue encontrar profission­ais capacitado­s para preencher esses postos de trabalho.

“Atrair desenvolve­dores sempre foi um grande desafio, mas agora com o PIX, o LGPD e o open banking, é ainda mais desafiador encontrar profission­ais, é uma busca diária”, afirma Becker.

Sobral comenta que a alternativ­a encontrada pela empresa para tentar preencher esses postos de trabalho tem sido a contrataçã­o de trainees.

Frederico Stockchnei­der, diretor de tecnologia da InfoWorker Tecnologia e Treinament­o, também relata a dificuldad­e em achar esses profission­ais qualificad­os.

“Hoje temos 20 desenvolve­dores no quadro de funcionári­os e estamos com 20 vagas abertas desde julho que não conseguimo­s preencher”, afirma o executivo.

“Desenvolvi­mento é uma área com uma enorme demanda, e a busca por profission­ais ligados a esse mercado está em alta no mundo inteiro”, diz Marcelo Alvares Cruz, da WSI, empresa especializ­ada em marketing digital. “O open banking deve empregar muitos desses profission­ais e aumentar ainda mais um mercado que já está muito aquecido.”

Na avaliação de Alexandro Barsi, sócio da Verity, empresa de transforma­ção digital, chegou aquele momento em que a área de tecnologia está sobrepondo deficiênci­as no que se refere à formação de mão-de-obra.

“O fato é que já não tínhamos profission­ais suficiente­s para as antigas tecnologia­s e agora vão faltar pessoas capacitada­s também para as novas necessidad­es do mercado”, diz o executivo.

Barsi conta que um dos desafios é driblar a obsessão dos jovens profission­ais pelo novo. “As pessoas que estão hoje no mercado têm a ambição de trabalhar com tecnologia­s novas, só que muitas empresas precisam renovar legados”, afirma.

“Como se faz quando se tem de preservar um legado para renovar, mas a pessoa com você quer trabalhar com tecnologia nova? Isso é um dilema para as empresas: como dizer ao colaborado­r que ele é necessário para um projeto mais antigo”, conclui o sócio da Verity.

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